Por Keith Zhai
SINGAPURA (Reuters) - O governo chinês planeja restringir ainda mais os vistos para cidadãos norte-americanos com laços com grupos contrários à China, disseram pessoas a par das limitações propostas, em reação a restrições semelhantes adotadas pelos Estados Unidos contra cidadãos chineses em um momento de deterioração nas relações bilaterais.
O Ministério da Segurança Pública chinês trabalha há meses em regras para limitar a capacidade de qualquer pessoa empregada ou apoiada por serviços de inteligência dos EUA e grupos de direitos humanos de viajar para a China.
As mudanças propostas se seguem à adoção norte-americana de regras mais rígidas para a emissão de vistos para acadêmicos chineses em maio.
Anunciadas na terça-feira, as novas restrições dos EUA a vistos para autoridades do governo chinês e do Partido Comunista que Washington acredita serem responsáveis pela detenção e abuso de minorias muçulmanas deram ensejo às novas restrições da China, segundo uma das fontes.
"Isso não é algo que queremos fazer, mas parece que não temos nenhuma escolha", disse a fonte.
As regras chinesas exigiriam a elaboração de uma lista de instituições militares dos EUA e outras ligadas à CIA e de grupos de direitos humanos e a inclusão de seus funcionários a uma lista de banimento de vistos, de acordo com as fontes, que não quiseram se identificar.
As restrições mais duras coincidem com uma preocupação maior de Pequim de que os EUA e outros governos estejam usando tais organizações para incitar protestos anti-governo tanto na China continental quanto em Hong Kong, e também seriam uma retaliação às restrições de vistos dos EUA contra pesquisadores e autoridades chineses, disse a primeira fonte.
"O plano foi amplamente debatido por autoridades policiais de alto escalão nos últimos meses, mas sua implantação se tornou mais provável após os protestos em Hong Kong e a restrição de vistos dos EUA a autoridades chinesas", disse a fonte.
A Agência Nacional de Imigração da China, que é subordinada ao Ministério da Segurança Pública, não respondeu de imediato a um pedido de comentário por fax. A rivalidade entre EUA e China é motivada por uma gama de assuntos, que inclui concorrência comercial, direitos humanos e preocupações com a segurança.
Washington deu um grande passo no confronto em maio ao acrescentar a gigante tecnológica chinesa Huawei Technologies e 70 filiadas à sua chamada Lista de Entidades, impedindo-a de adquirir componentes e tecnologia de empresas dos EUA sem aprovação governamental.
Na segunda-feira, o Departamento de Comércio dos EUA citou os maus tratos de muçulmanos uigures e outros em uma decisão de acrescentar a uma lista de restrição comercial 20 birôs de segurança pública chineses e oito empresas, incluindo a Hikvision, maior fabricante mundial de equipamentos de vigilância com vídeo e a SenseTime, startup de inteligência artificial mais valiosa do mundo.