CARACAS (Reuters) - O governo da Venezuela anunciou nesta segunda-feira que perdoou 50 políticos de oposição, incluindo 20 parlamentares que, em sua maioria, eram acusados de conspirar contra o presidente Nicolás Maduro, enquanto o país se encaminha para eleições para o Congresso marcadas para o mês de dezembro.
A iniciativa sinaliza que o Partido Socialista, que governa o país, está buscando aumentar a participação popular na votação, que a oposição já prometeu boicotar sob a acusação de que o pleito seria manipulado.
Entre os perdoados via decreto presidencial estão o parlamentar Freddy Guevara, que buscou asilo político na residência do embaixador chileno, assim como Roberto Marrero, que serviu como chefe de Gabinete do líder de oposição e do Congresso Juan Guaidó.
"Esperamos que todas essas medidas tomadas pelo governo bolivariano ajudem a manter o foco democrático em todos esses atores políticos", disse o ministro da Informação, Jorge Rodríguez, em entrevista coletiva.
Muitos dos mencionados participaram de uma rebelião fracassada de 2019 que procurou persuadir os militares a abandonar seu apoio a Maduro, mas não conseguiu influenciar os principais comandantes.
Alguns dos perdoados estão presos, enquanto outros buscaram asilo diplomático ou estão no exílio.
Os líderes da oposição dizem que a reeleição de Maduro em 2018 foi fraudulenta e reconheceram Guaidó como o presidente legítimo. Mais de 50 outros países, incluindo Brasil e Estados Unidos, seguiram o mesmo caminho.
“Maduro não é presidente e eu não sou um delinquente”, escreveu o parlamentar Américo de Grazia, mencionado no decreto. "Se você quer contribuir para a paz, perdoe a Venezuela por sua usurpação do poder."
A medida não fez menção a Leopoldo López, um dos líderes mais destacados da oposição, que foi preso em 2014 por liderar protestos contra Maduro e agora vive na residência diplomática espanhola.
Nem menciona oficiais militares presos sob a acusação de conspirar para derrubar Maduro.
Grupos ativistas criticaram duramente o governo venezuelano por prisões arbitrárias de adversários, muitas vezes sob acusações com nenhuma ou poucas evidências e com violações do devido processo legal e da imunidade parlamentar garantida aos legisladores.
O governo de Maduro no passado libertou pequenos grupos de líderes de oposição que estavam presos, mas as liberações normalmente foram seguidas por mais prisões semelhantes.
O governo nega manter prisioneiros políticos e diz que tais acusações são parte de iniciativas apoiadas pelos EUA para prejudicar sua imagem.
(Reportagem de Brian Ellsworth, Vivian Sequera, Deisy Buitrago e Mayela Armas)