Por Daniel Ramos
LA PAZ (Reuters) - O governo interino da Bolívia apresentou uma queixa criminal nesta sexta-feira contra o ex-presidente Evo Morales por suposta sedição e terrorismo, disse o ministro do Interior, num momento em que autoridades começaram a investigar seus aliados, a quem acusam de corrupção e de fomentar tumultos.
A presidente interina Jeanine Añez, ex-senadora e opositora de Morales, tem enfrentado uma onda de manifestações de apoiadores do ex-presidente desde que assumiu o cargo em um vácuo de poder na semana passada.
Morales e seu vice-presidente deixaram o cargo sob pressão de forças de segurança e manifestantes antigovernamentais em 10 de novembro, em meio a relatos de irregularidades nas eleições de 20 de outubro. Morales fugiu para o México e diz que foi derrubado em um golpe.
Pelo menos 29 pessoas foram mortas em confrontos desde que ele renunciou.
O ministro do Interior, Arturo Murillo, disse que pediu ao Ministério Público que iniciasse uma investigação sobre Morales, com base no áudio em que, do México, Morales supostamente dirigiu planos de bloqueio de estradas na Bolívia para desestabilizar o governo interino.
A Reuters não pôde verificar a autenticidade do áudio, que foi reproduzido a jornalistas em uma entrevista coletiva no início desta semana. A ex-ministra da Saúde de Morales, Gabriela Montaño, classificou o áudio como falso.
Murillo disse a jornalistas do lado de fora da promotoria em La Paz: "A evidência é clara. Nós a apresentamos."
Morales não pôde ser encontrado imediatamente para comentar. Ele disse no Twitter que as autoridades deveriam investigar a morte de manifestantes em vez de ir atrás dele com base no que ele descreveu como evidência falsa.
Não estava claro se os promotores investigariam Morales ou eventualmente apresentariam acusações. O escritório do procurador-geral não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.
(Reportagem de Daniel Ramos em La Paz, com reportagem adicional de Diego Oré na Cidade do México)