Por Patricia Zengerle
WASHINGTON (Reuters) - O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impediu nesta terça-feira que o embaixador dos EUA na União Europeia deponha no inquérito de impeachment da Câmara dos Deputados sobre o presidente republicano.
Gordon Sondland, que doou 1 milhão de dólares ao comitê de posse do presidente Donald Trump, deveria se encontrar com membros de três comitês da Câmara a portas fechadas na manhã desta terça-feira para tratar do papel que pode ter tido nos esforços de Trump para induzir a Ucrânia a investigar o ex-vice-presidente Joe Biden, um rival político.
Sondland parecia ter aceitado depor mesmo sem uma intimação, e nesta terça-feira disse por meio de um advogado que espera "que as questões abordadas pelo Departamento de Estado que impedem seu depoimento sejam resolvidas prontamente".
"Ele continua pronto para depor sem aviso prévio, assim que tiver permissão de comparecer", disse seu advogado, Robert Luskin, em um comunicado.
Não foi possível contatar representantes da Casa Branca e do Departamento de Estado de imediato para obter comentários.
O inquérito de impeachment está se concentrando nas alegações de um delator segundo as quais Trump usou a ajuda militar dos EUA para obter do presidente da Ucrânia a promessa de investigar Biden, um dos principais pré-candidatos para a indicação presidencial democrata para a eleição de 2020, e seu filho, Hunter, que integrou o conselho de uma empresa de gás ucraniana.
Sondland era uma testemunha-chave dos comitês de Relações Exteriores, Inteligência e Supervisão da Câmara, cujos membros provavelmente lhe indagariam por que ele se envolveu em assuntos com a Ucrânia, que não faz parte da UE.
Segundo mensagens de texto divulgadas por líderes dos comitês na semana passada, Sondland esteve muito envolvido em contatos com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, quando este buscava um encontro com Trump, e autoridades ucranianas expressaram preocupação com a decisão de Washington de bloquear quase 400 milhões de dólares de ajuda militar a Kiev.
Em uma das mensagens, por exemplo, Sondland enfatizou que Trump "realmente quer a encomenda".
O pedido de comparecimento de Sondland sinalizou uma guinada na investigação porque ele é um doador e um indicado político de Trump. Entre as testemunhas anteriores estiveram funcionários de carreira como Kurt Volker, ex-enviado especial para a Ucrânia, e Michael Atkinson, inspetor-geral da comunidade de inteligência dos EUA.