WASHINGTON (Reuters) - O governo de Donald Trump planeja instruir agentes da imigração para expandir as categorias de imigrantes que são alvos de deportação, de acordo com esboços de dois memorandos vistos pela Reuters e relatados primeiramente pela organização McClatchy no sábado.
Duas fontes familiarizadas com os planos disseram à Reuters que os documentos foram aprovados pelo secretário de Segurança Interna, John Kelly, mas estão sob revisão final da Casa Branca. Eles devem ser divulgados à Polícia de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) e ao Escritório de Alfândegas e Proteção de Fronteiras (CBP) no início da próxima semana.
Sob estas ordens, centenas de milhares de pessoas podem enfrentar processos de remoção acelerados, incluindo aquelas que não eram priorizadas para deportação durante o governo do ex-presidente Barack Obama.
Os memorandos são guias para instruir agentes em campo para implementar dois decretos presidenciais assinados por Trump em 25 de janeiro, que buscam impedir o crescimento da imigração e retirar mais imigrantes ilegais dos Estados Unidos.
Um dos memorandos instrui agentes do ICE a ignorarem memorandos de Obama sobre prioridades de imigração, que tinham como alvo somente chegadas recentes e imigrantes com condenações criminais para deportação. Em vez disso, imigrantes que foram acusados de crimes, mas não condenados, teriam deportação priorizada. O guia também permite a agentes do ICE ampla liberdade na decisão de quem pode ser deportado e considera sujeito a deportação qualquer um que esteja ilegalmente nos Estados Unidos.
O guia deixa em vigor o decreto presidencial de 2012 de Obama que protege 750 mil pessoas levadas aos Estados Unidos ilegalmente por seus pais. O destino do ato, conhecido como DACA, tem sido amplamente debatido dentro da Casa Branca, de acordo com fontes familiares às discussões. Trump disse em entrevista coletiva na sexta-feira que o DACA é um "assunto muito difícil" para ele.
O memorando do ICE também indica que imigrantes não terão direitos sob leis de privacidade norte-americanas.
O segundo memorando instrui funcionários do CBP a repreenderem a imigração ilegal na fronteira ao manter imigrantes em detenção até que uma determinação do caso seja feita.
O Departamento de Segurança Interna não negou quaisquer informações contidas nos esboços, mas não deu mais detalhes.
Uma fonte familiarizada com os documentos disse que os memorandos iriam ser distribuídos na sexta-feira, mas a Casa Branca fez um pedido de revisão de última hora. Não se sabe se a Casa Branca pode alterar o guia.
O secretário Kelly disse em um dos memorandos que a imigração ilegal na fronteira entre EUA e México "criou uma vulnerabilidade significativa para a segurança nacional dos Estados Unidos".
(Por Julia Edwards Ainsley e Diane Bartz)