BRASÍLIA (Reuters) - Com o fim da temporada de chuvas, o governo federal apresentou nesta quarta-feira um quadro crítico da disponibilidade de água para os Estados do Sudeste, reforçando a necessidade de controle da redução das vazões nos reservatórios da região, incluindo o sistema da Cantareira, que abastece São Paulo.
"Mesmo tendo sinais de mais água nos reservatórios, os quadros todos continuam críticos", disse o presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente Abreu, a jornalistas em entrevista no Palácio do Planalto em Brasília.
Especificamente sobre o sistema Cantareira, que abastece a capital de São Paulo, a avaliação foi a de que houve recuperação em fevereiro e março, com chuvas abundantes, mas que ainda assim, as vazões estão entre 60 por e 65 por cento das vazões médias.
"O que choveu não foi suficiente para recuperar o Cantareira", disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, informando que a retirada de água o reservatório está sendo de apenas um terço do que usualmente era extraído.
Ao contrário das chuvas abundantes em março, o mês de abril não deverá despontar como um período super chuvoso, segundo as previsões do diretor do Centro de Monitoramento de Alertas e Desastres Naturais, ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, Carlos Nobre.
"No sudeste chove cerca de 70 a 80 milímetros em média, que é metade da chuva de março... se espera algo dentro disso", disse.
Com esse quadro, Izabella informou que o governo federal continua negociando com o Estado de São Paulo a retirada de água do sistema Cantareira no restante do ano.
Em termos gerais, para os demais reservatórios do Sudeste, com ênfase nos de Minas Gerais, a avaliação foi a de que o sistema de monitoramento e controle de retiradas permanecerá por prazo indeterminado.
SECA PERSISTE NO NORDESTE
Um quadro crítico de disponibilidade de água foi traçado também para a região Nordeste, que enfrenta o quarto ano seguido de seca, com 56 municípios em situação de colapso no abastecimento hídrico.
De acordo com o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, o número de cidades em colapso pode ser ampliado de 56 para 105 municípios. Diante desta ampliação, o governo federal decidiu nesta quarta-feira, segundo Occhi, intervir para oferecer apoio.
"Ainda não definimos quando e como, mas (o apoio) será feito", declarou Occhi, afirmando que espera apresentar mais detalhes sobre a medida na semana que vem.
Além disso, o governo reafirmou que as obras de transposição do rio São Francisco permanecem como prioridade, assim como obras de melhoria da disponibilidade de água no Ceará e Paraíba. Também permanecem como prioridade as ações emergenciais de perfuração de poços e oferta de carros pipas nas localidades em condições mais drásticas.
(Reportagem de Luciana Otoni e Nestor Rabello)