Por Isla Binnie
MADRI (Reuters) - O ETA desmontou completamente todas suas estruturas, encerrando uma campanha de guerrilha de 50 anos, informou o grupo separatista basco em uma carta datada de 16 de abril e publicada pelo jornal espanhol online El Diario nesta quarta-feira.
O grupo deve formalizar sua dissolução em um evento oficial no final desta semana, pondo fim a um projeto fracassado de criar um Estado independente no norte da Espanha e no sul da França que matou cerca de 850 pessoas.
"O ETA dissolveu completamente todas as suas estruturas e encerrou sua iniciativa política", informou a carta, que o El Diario disse ter sido enviada a várias organizações bascas.
O ETA (Euskadi Ta Askatasuna, ou País Basco e Liberdade) declarou um cessar-fogo em 2011 e entregou as armas em abril de 2017, acabando com a última grande insurgência armada da Europa Ocidental.
Estas decisões almejam "descartar a situação das últimas décadas e construir um futuro a partir de um novo ponto de largada", disse o ETA na carta, que se seguiu a um pedido de desculpas às suas vítimas emitido no mês passado.
O capítulo final da derrocada gradual do ETA, que foi formado em Madri em 1959 por estudantes revoltados com a ditadura repressora do general Francisco Franco, foi recebido com algum alívio, mas também com ressentimento.
"Não acredito no fim do ETA porque há muitas mortes que não vieram à tona, muitas vítimas que não foram compensadas", disse Carmen, uma economista que mora na cidade basca de San Sebastián e que preferiu não informar seu sobrenome.
"Acho que ninguém, do ETA ou seja de onde for, tem o direito de matar ninguém".
A violência se acentuou nos anos 1960, e o regime de Franco reagiu à altura enquanto o grupo assassinava políticos e autoridades e atacava locais públicos com bombas.
Os ataques causaram horror na Espanha e no exterior, e operações eficazes das polícias francesa e espanhola enfraqueceram o ETA.
O porta-voz do governo espanhol, Íñigo Méndez de Vigo, disse que a Espanha continuará perseguindo suspeitos de crimes atribuídos ao ETA.
"Jamais faremos vista grossa a estes terroristas e jamais nos curvaremos. Eles devem saber que terão que pagar por sua culpa e que não haverá impunidade. Antes e depois deste comunicado, eles serão perseguidos onde quer que estejam".
(Reportagem adicional de Vincent West e Raquel Castillo)