ESTOCOLMO (Reuters) - Ativistas pelos direitos das mulheres disseram nesta terça-feira que lamentam que Julian Assange não tenha sido julgado por acusações de estupro e crimes sexuais na Suécia, no momento em que o fundador do WikiLeaks vê a liberdade no horizonte após uma longa odisseia legal no Reino Unido.
O australiano deve fechar um acordo em um tribunal dos Estados Unidos na quarta-feira que o libertará após cinco anos em uma prisão britânica.
Entre 2012 e 2019, Assange se refugiou na embaixada do Equador em Londres para evitar extradição à Suécia pelas acusações de 2010 relacionadas a crimes sexuais, alegando que o país nórdico poderia extraditá-lo para os Estados Unidos, onde ele enfrenta acusações de espionagem.
Assange negou as acusações suecas.
Em 2019, promotores suecos desistiram do restante da investigação sobre estupro, dizendo que o relato da autora da ação sobre os eventos era crível, mas que os muitos anos passados haviam enfraquecido as evidências.
“É uma traição contra as mulheres que o denunciaram e que não tiveram a chance de obter reparação legal”, disse Clara Berglund, líder do Lobby das Mulheres Suecas, uma organização guarda-chuva de grupos que defendem direitos das mulheres.
“É um capítulo de vergonha e traição que termina com sua libertação”, afirmou. “Isso é sobre um caso que aconteceu nos grandes palcos políticos e a violência dos homens contra as mulheres recebe um peso incrivelmente pequeno”.
Um porta-voz de Assange não estava disponível para comentar em um primeiro momento.
Elisabeth Massi Fritz, advogada da autora do caso de estupro, disse que é ruim que Assange não possa ser julgado na Suécia.
“Havia evidências e teria sido muito importante que as evidências fossem testadas em um tribunal sueco. Para a autora da ação, é extremamente importante”, afirmou.
(Reportagem de Anna Ringstrom e Marie Mannes)