BRUXELAS (Reuters) - O líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, que desafiou uma proibição de viajar para buscar apoio na Europa a novas eleições em seu país, disse nesta quarta-feira que tentará retornar a Caracas, mas previu que será perigoso.
Em declaração no Parlamento Europeu em Bruxelas, Guaidó também pediu à União Europeia que aumente a pressão sobre o governo do presidente Nicolás Maduro através de mais sanções, dizendo que, embora acredite em diplomacia, a mediação até agora não surtiu efeito.
"Sim, corri risco ao sair... meu retorno será arriscado", disse ele em entrevista coletiva após conversas com parlamentares da UE.
"É sádico o que ele (Maduro) está fazendo. Ele está torturando pessoas, está prendendo pessoas. Oitenta por cento das pessoas na Venezuela não conseguem abastecimento de água adequado. Não há eletricidade."
Comparando a situação da Venezuela com a Síria e o Iêmen, Guaidó disse que as tentativas de Maduro de impedir que ele fosse reeleito como chefe da Assembleia Nacional no início deste mês o deixaram mais determinado a ver o presidente ser destituído do poder.
Guaidó afirmou que vários de seus assistentes em Caracas foram presos em sua ausência. O líder de oposição esteve na terça-feira um Londres, onde se reuniu com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e depois foi a Bruxelas e ainda irá ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, na quinta-feira.
"Precisamos pressionar a ditadura, obviamente. As sanções farão isso. Precisamos tentar fazer todo o possível para fazer isso", disse ele, acrescentando que estava "esperando um milagre".
Países da UE, que reconhecem Guaidó como presidente interino da Venezuela, impuseram sanções econômicas a 25 venezuelanos próximos a Maduro, mas optaram por uma abordagem mais branda se comparados aos Estados Unidos, buscando ajudar a mediar negociações para novas eleições.
(Reportagem de Robin Emmott)