Por Luc Cohen e Angus Berwick
CARACAS (Reuters) - O líder da oposição venezuelana Juan Guaidó enfrenta um teste crucial para seu apoio nesta quarta-feira, depois convocar "a maior marcha da história" para tentar depor o presidente Nicolás Maduro, apesar de os militares terem, até agora, resistido aos apelos para ajudarem a derrubar o governo.
Em sua iniciativa mais ousada para conquistar o apoio das Forças Armadas até agora, Guaidó apareceu na manhã de terça-feira em uma base aérea nos arredores de Caracas com dezenas de membros da Guarda Nacional, o que desencadeou um dia de protestos violentos que deixaram mais de 100 feridos, mas sem qualquer sinal concreto de deserções na liderança das Forças Armadas.
"Hoje continuamos", disse Guaidó em um tuíte na manhã desta quarta-feira. "Seguiremos adiante com mais força do que nunca, Venezuela."
Descobrir se o comparecimento à marcha estará à altura de tamanha esperança será um teste crucial para Guaidó em meio à frustração de alguns apoiadores com o fato de Maduro continuar no poder mais de três meses depois de Guaidó invocar a Constituição para assumir uma presidência interina, argumentando que a reeleição de Maduro em maio de 2018 foi ilegítima.
Embora Guaidó tenha angariado o apoio dos Estados Unidos e da maioria dos países ocidentais, as Forças Armadas ficaram ao lado de Maduro, que ainda conta com aliados como Rússia, China e Cuba.
Isso frustrou a intenção de Guaidó de assumir funções cotidianas do governo em caráter interino, o que ele disse que abriria espaço para a convocação de novas eleições.
Maduro qualifica Guaidó, que comanda a Assembleia Nacional de maioria opositora, como um fantoche dos Estados Unidos que tenta orquestrar sua deposição.
Nesta quarta-feira, a Rússia negou a afirmação feita um dia antes pelo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, de que Maduro estava preparado para deixar o país, mas desistiu depois que Moscou interveio. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo disse aos repórteres que os comentários são parte de uma "guerra de informação".
Em uma entrevista à televisão nesta quarta-feira, Pompeo disse que uma ação de militares dos EUA é "possível" na Venezuela, mas que o governo Trump preferiria uma transferência de poder pacífica.
Na noite de terça-feira, a Agência Federal de Aviação dos EUA proibiu os operadores aéreos do país de voarem abaixo de 26 mil pés no espaço aéreo da Venezuela, citando a instabilidade política.