Por Brian Ellsworth e Vivian Sequera
CARACAS (Reuters) - O líder da oposição venezuelana Juan Guaidó pediu que a União Europeia denomine oficialmente os metais preciosos minerados de maneira informal nas selvas no sul do país como "ouro de sangue", enquanto busca aumentar a pressão sobre o governo do presidente Nicolás Maduro.
O governo Maduro desde 2016 apoia a mineração artesanal na Amazônia venezuelana para trazer receitas em meio a uma crise econômica, um esforço que foi expandido na medida em que Washington aumentava as sanções para forçar o Partido Socialista a deixar o poder.
As iniciativas foram criticadas por ambientalistas e grupos de direitos humanos por contaminar as bacias hidrográficas com mercúrio e por abastecer massacres enquanto gangues lutam por território.
Em uma entrevista à Reuters, Guaidó disse que a UE deveria usar o rótulo para limitar o comércio de ouro venezuelano, da mesma maneira que a campanha de "diamantes de sangue" nos anos 1990 combateu as vendas de diamantes que financiavam conflitos armados na África.
"Eu acredito que a Europa possa tomar passos nessa direção ao não permitir o comércio do ouro venezuelano na Europa... rotulando-o claramente como 'ouro de sangue'", disse Guaidó.
"Para que ele é usado na Venezuela? Para financiar grupos (armados) irregulares", disse o Guaidó em referência às guerrilhas colombianas que estão cada vez mais próximas das operações de mineração de ouro.
Os Estados Unidos, assim como a UE e mais de 50 outros países, reconhecem Guaidó como o presidente legítimo da Venezuela. Em 2019, Washington ampliou seu programa de sanções contra Maduro com esperanças de remover seu governo do poder.
Mas Maduro tem se sustentado, contornando as sanções à indústria de petróleo do país, que é membro da Opep, com a ajuda da aliada Rússia e com a venda de ouro produzido por mineradores artesanais, muitas vezes ligados ao crime organizado.
As sanções do governo Trump já proíbem indivíduos e empresas dos Estados Unidos de comercializarem ouro venezuelano. Parte do minério já foi vendido inclusive para a Turquia, outro país aliado de Maduro.
Um representante de Guaidó disse em setembro que o governo de Maduro estava vendendo ouro na Europa para evitar as sanções aplicadas ao país.
A UE impôs sanções sobre importantes autoridades venezuelanas e bloqueou vendas de armas para o governo de Maduro, mas não proibiu especificamente a venda de ouro.
A assessoria de imprensa do Serviço de Ação Externa da União Europeia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.