As mortes por hepatites virais estão aumentando em todo o mundo. A doença é a 2ª principal causa infecciosa de morte no planeta, contabilizando 3.500 mortes por dia e 1,3 milhão por ano. O total é o mesmo da tuberculose, que ocupa o 1º lugar no ranking.
Estudo divulgado nesta 3ª feira (9.abr.2024) pela OMS (Organização Mundial da Saúde) mostra que houve melhora nas ferramentas de diagnóstico e tratamento disponíveis, assim como no preço dos produtos. Contudo, aponta que a testagem e a quantidade de pacientes em tratamento estagnaram.
“Mesmo assim, atingir a meta de eliminação das hepatites virais até 2030, proposta pela OMS, ainda é algo possível, desde que medidas rápidas sejam tomadas agora”, declarou a entidade.
Os dados mostram que as mortes por hepatites virais registradas em 187 países passaram de 1,1 milhão em 2019 para 1,3 milhão em 2022. Desse total, 83% foram causadas pela hepatite B e 17%, pela hepatite C.
Para o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, as mortes aumentaram porque poucas pessoas com a doença têm acesso ao diagnóstico e tratamento adequados.
Casos
A estimativa da OMS é que 254 milhões de pessoas viviam com hepatite B e 50 milhões com hepatite C em 2022 – mais da metade das infecções foram registradas entre adultos com idade de 30 a 54 anos e 12%, entre crianças e adolescentes menores de 18 anos. Homens respondem por 58% de todas as infecções.
Apesar de uma leve queda no número de casos de 2019 a 2022, a incidência da doença no mundo, segundo a entidade, segue alta. Em 2022, foram contabilizadas 2,2 milhões de novas infecções, contra 2,5 milhões em 2019.
“Mais de 6.000 pessoas estão sendo infectadas por hepatites virais todos os dias”, afirmou o estudo da organização.
Tratamento
Os números mostram que, em todas as regiões do mundo, até o fim de 2022, cerca de 13% das pessoas que viviam com infecção crônica por hepatite B haviam sido diagnosticadas, enquanto 3% recebiam terapia antirretroviral indicada para tratar a doença.
No caso da hepatite B, 36% foram diagnosticadas e 20% recebiam tratamento contra a infecção.
“Ambos os resultados estão bem abaixo da meta global de tratar 80% das pessoas vivendo com hepatite B crônica e com hepatite C até 2030. Entretanto, eles indicam uma leve, mas consistente melhora no diagnóstico e na cobertura de tratamento da doença desde o último balanço, em 2019”, disse a OMS.
Os diagnósticos de hepatite B aumentaram de 10% para 13% no período, enquanto o acesso ao tratamento passou de 2% para 3%. Entre as infecções por hepatite C, o diagnóstico aumentou de 21% para 36% e o acesso ao tratamento, de 13% para 20%.
Disparidades
O estudo ressalta que os dados variam drasticamente de região para região. O continente africano responde por 63% das novas infecções por hepatite B.
Ainda assim, só 18% dos recém-nascidos na região foram imunizados contra a doença depois do parto. Já a região do Pacífico Ocidental responde por 47% das mortes por hepatite B, e só 23% das pessoas diagnosticadas têm acesso ao tratamento.
Bangladesh, China, Etiópia, Índia, Indonésia, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Rússia e Vietnã, juntos, respondem por quase 2/3 do fardo global das hepatites B e C.
“Alcançar o acesso universal à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento nestes 10 países até 2025, juntamente com esforços intensificados na região africana, é essencial para colocar a resposta global de volta no caminho certo e cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, apontou.
Recomendações
Dentre as recomendações publicadas pela OMS, com o objetivo de acelerar o combate às hepatites virais, estão:
- ampliar o acesso à testagem e ao diagnóstico;
- ofertar tratamento equitativo;
- ampliar os esforços de prevenção na atenção primária;
- mobilizar financiamentos inovadores.
“O financiamento para as hepatites virais, tanto em nível global como no âmbito dos orçamentos de saúde de cada país, não é suficiente para satisfazer as necessidades. Isso resulta de uma combinação de fatores, incluindo a consciência limitada de intervenções e ferramentas que podem salvar vidas, bem como prioridades concorrentes nas agendas globais de saúde”, disse a OMS.
Com informações da Agência Brasil