SAINT-QUENTIN FALLAVIER, França (Reuters) - Um homem com ligações islâmicas decapitou seu chefe e deixou o corpo, coberto de palavras escritas em árabe, no local de uma fábrica de gás norte-americana no sudeste da França, antes de tentar explodir o complexo.
O agressor bateu sua van de entrega em um depósito contendo botijões de gás, provocando uma explosão inicial, e foi preso minutos depois, enquanto tentava abrir latas com produtos químicos inflamáveis, disseram os promotores nesta sexta-feira.
A polícia encontrou a cabeça da vítima, o gerente da empresa de transporte de 54 anos, que empregou o suspeito, balançando em uma cerca.
"A cabeça foi descoberta pendurada na cerca de arame da fábrica, emoldurada por duas bandeiras que incluíam referências ao shahada, ou profissão de fé (muçulmano)", disse o promotor público de Paris François Molins em entrevista coletiva.
O ataque ocorreu no mesmo dia em que um atirador matou pelo menos 37 pessoas em um hotel à beira-mar da Tunísia e um homem-bomba do Estado Islâmico matou duas dezenas de pessoas e feriu mais de 200 em uma mesquita no Kuweit.
"Não há outra ligação a fazer do que dizer que o terrorismo é o nosso inimigo comum", disse o presidente francês, François Hollande, ao retornar a Paris após participar de uma cúpula da União Europeia em Bruxelas.
"Não deve haver nenhuma dúvida quanto à capacidade do nosso país em proteger a si mesmo e permanecer vigilante", afirmou ele, anunciando um reforço na segurança nacional para níveis sem precedentes, segundo ele, em relação às últimas décadas.
Hollande afirmou que havia inscrições sobre o corpo decapitado, e fontes policiais disseram que era em árabe, mas as autoridades não revelaram seu conteúdo.
O ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, nomeou o suspeito como Yassin Sahli. Ele disse que Sahli não tem antecedentes criminais, mas estava sob vigilância de 2006 a 2008, sob suspeita de ter se tornado radicalizado por islâmicos.
O atentado enfatizou mais uma vez a dificuldade que as autoridades da Europa e de outras localidades têm para proteger os assim chamados alvos "fáceis" de ataques de agressores que operam por conta própria ou em pequenas células secretas.
(Por Catherine Lagrange e Michel Rose)