Por Vimvam Tong and Lukas Job
HONG KONG (Reuters) - Mais de 40 pessoas compareceram a um tribunal de Hong Kong nesta quarta-feira para responder a acusações de rebelião devido à participação em um protesto recente que se tornou violento quando milhares de ativistas se chocaram com a polícia perto do escritório da principal representação de Pequim na cidade.
Uma onda de protestos iniciada em abril lançou a ex-colônia britânica em sua pior crise política desde a devolução ao controle chinês em 1997, mas esta é a primeira vez em que as autoridades do polo financeiro recorrem a acusações de rebelião.
Os 44 acusados foram presos depois que uma reunião pacífica no domingo em um parque do distrito financeiro do centro da cidade degenerou rapidamente em batalhas contínuas entre milhares de manifestantes vestidos de preto e a polícia, que disparou balas de borracha e gás lacrimogêneo.
A aplicação da lei contra rebelião pode enfurecer os ativistas que estão exigindo que o governo evite usar o termo "rebelião" para se referir às manifestações. Pela lei de Hong Kong, uma "rebelião" é definida como uma reunião ilegal de três ou mais pessoas na qual qualquer delas "cometa uma violação da paz", e uma condenação pode resultar em uma pena de 10 anos de prisão.
A maioria dos acusados foi liberada com uma fiança equivalente a 128 dólares. A corte também impôs um toque de recolher da 0h às 6h à maioria deles, e muitos receberam ordens de permanecer em Hong Kong.
Entre os acusados estão 13 estudantes, sete recepcionistas, um piloto da principal empresa aérea da cidade, Cathay Pacific, professores, enfermeiras, operários e vendedores. Todos foram soltos sob fiança e devem voltar ao tribunal no dia 25 de setembro.
"O governo chinês só quer assustar as pessoas para que não saiam e protestem novamente", disse o ativista Syrus, de 19 anos, diante da corte. "Isso conterá alguns de nós".
Centenas de pessoas cercaram uma delegacia na noite de terça-feira depois que os 44 ativistas foram acusados, e na manhã desta quarta-feira centenas se reuniram diante da sala do tribunal, bradando "Liberem Hong Kong" e "A revolução do nosso tempo".
Apesar da aproximação de um tufão e de uma chuva forte, muitos deles, encolhidos debaixo de guarda-chuvas, permaneceram para mostrar solidariedade.
"Não estou com medo de protestar. Essa coisa toda hoje só está me deixando mais bravo", disse Gartner, manifestante de 21 anos que não quis informar o nome completo, diante da corte.
Os protestos foram desencadeados por um projeto de lei de extradição que teria permitido que pessoas de Hong Kong fossem enviadas à China continental para serem julgadas, mas se tornaram um movimento de repúdio mais amplo ao governo da cidade e aos seus mandantes políticos em Pequim.
(Reportagem adicional de Kevin Liu)