Por Yanni Chow e Jessie Pang
HONG KONG (Reuters) - O governo de Hong Kong disse nesta quinta-feira que 12 candidatos pró-democracia foram desqualificados e não poderão concorrer na eleição parlamentar, citando oposição a uma nova lei de segurança nacional imposta por Pequim, mas negou infringir direitos civis.
Entre os candidatos barrados estão o ativista pró-democracia Joshua Wong, alguns membros do Partido Cívico, um grupo moderado da velha guarda da oposição e outros que venceram uma "primária" extraoficial realizada pelo campo opositor neste mês.
A medida certamente enfurecerá os apoiadores da democracia um mês depois de os líderes do Partido Comunista chinês anunciarem a lei de segurança nacional, que reprime a dissidência na cidade semiautônoma e também pode conduzir a China ainda mais rumo a uma rota de colisão com o Ocidente.
O governo disse que pode haver mais desqualificações.
Críticos disseram que a medida visa conter a ascensão de uma geração mais jovem e desafiadora de ativistas pró-democracia na esteira de uma vitória majoritária nas eleições de menor importância de conselhos distritais do ano passado.
"Está claro que #Pequim mostra um descaso total pela vontade dos #honcongueses, tripudia o último pilar da autonomia minguante da cidade e tenta manter a #legislatura de HK sob seu controle firme", tuitou Wong.
As chances de o campo opositor conquistar uma maioria histórica no Conselho Legislativo, ou miniparlamento, serão ainda mais prejudicadas se o governo decidir adiar a eleição de 6 de setembro, como esperado, por causa da pandemia de coronavírus.
Hong Kong já desqualificou candidatos antes, mas não nesta escala. A desqualificação dos postulantes do Partido Cívico assinala que Pequim está ficando menos tolerante até mesmo com os democratas moderados, que são uma voz opositora na Legislatura há décadas.
"O governo está construindo uma assembleia do PCC (Partido Comunista da China) na Legco (Legislatura) para eliminar a maioria das vozes de oposição. Revoltante", tuitou Nathan Law, ativista pró-democracia e ex-parlamentar que foi expulso da Legislatura e fugiu para o Reino Unido no início deste mês.
O governo diz que advogar a autodeterminação, solicitar intervenção de governos estrangeiros ou "expressar uma objeção em princípio" à sanção da nova lei de segurança são comportamentos que "não podem genuinamente" preservar a Lei Básica, a miniconstituição da cidade.
A lei obriga os candidatos a jurarem lealdade a Hong Kong e à Lei Básica.
(Reportagem adicional de James Pomfret, Carol Mang e Twinnie Siu)