BUDAPESTE (Reuters) - Centenas de húngaros protestaram, neste domingo, contra a planejada reformulação da Universidade de Drama e Artes Cinematográficas que temem que a deixará ainda mais sob controle do governo.
Os manifestantes, muitos estudantes universitários e funcionários, atores e escritores, carregaram cartazes e fizeram discursos diante de um dos principais prédios da universidade, denunciando as mudanças que estão planejadas.
“O governo já prejudicou bastante a cultura húngara e temos que levantar nossa voz contra o que estão planejando fazer agora”, disse Jozsef Mate, fã de teatro, no protesto.
Uma lei introduzida no parlamento em 26 de maio pretende transferir a propriedade da instituição pública, com 155 anos de história, para uma fundação privada.
O governo argumenta que a nova estrutura fará com que a instituição mais importante do país para treinamento de diretores e atores de cinema e teatro seja mais flexível e eficiente e ajudará no acesso a mais recursos.
O governo já remodelou a Universidade Corvinus, importante escola de economia, dessa maneira, e a reorganização de mais sete escolas está em andamento.
O fato de que as universidades em questão venham a ser administradas por um comitê de curadores “não apenas diminui a influência do estado, mas a elimina completamente”, afirmou o chefe de gabinete do primeiro-ministro Gergely Gulyas, na quinta-feira.
Os críticos, porém, dizem que os curadores serão nomeados pelo governo e terão o direito de indicar o chefe da universidade de uma maneira não-transparente, sem consultar professores ou estudantes.
A instituição “será administrada por uma fundação, pela qual o governo pode exercer total controle sobre a universidade”, afirma uma petição iniciada pelos estudantes.
O primeiro-ministro Viktor Orban estendeu sua influência sobre vários aspectos do país na Europa central durante seu governo que dura uma década.
A União Europeia tem criticado suas políticas, dizendo que elas ameaçam o Estado de Direito ao impor controle do partido sobre o Judiciário, a imprensa e instituições acadêmicas.
(Reportagem de Anita Komuves, Krisztina Fenyo e Balazs Kaufmann; Edição de Nick Macfie)