Por Guy Faulconbridge e Michael Holden
LONDRES (Reuters) - A Igreja da Inglaterra foi incapaz de proteger crianças de predadores sexuais entre suas fileiras durante décadas, permitindo que abusadores se escondessem na tentativa de defender sua própria reputação, ao invés de cumprir sua obrigação de proteger os jovens, disse um inquérito nesta terça-feira.
A Igreja pediu desculpas pelos abusos e disse que extrairá lições do inquérito.
Entre os anos 1940 e 2018, 390 pessoas do clero ou em cargos de confiança associados à Igreja foram condenadas por delitos sexuais contra crianças, revelou o Inquérito Independente sobre Abuso Sexual Infantil.
"Ao longo de muitas décadas, a Igreja da Inglaterra foi incapaz de proteger crianças e jovens de abusadores sexuais, facilitando ao invés disso uma cultura na qual os perpetradores podiam se esconder e as vítimas enfrentavam barreiras de divulgação que muitas não conseguiram superar", disse a professora Alexis Jay, que comandou o inquérito.
"Se é para se realizar mudanças verdadeiras e duradouras, é vital que a Igreja melhore a maneira como reage a alegações de vítimas e sobreviventes, e dê apoio a estas vítimas no decorrer do tempo", acrescentou.
A preocupação principal de muitos clérigos antigos foi manter a reputação da Igreja, disse o inquérito. Com frequência, muitos destes se recusavam a relatar alegações às agências adequadas e dificultavam investigações criminais, permitindo que alguns abusadores ficassem impunes.
Reagindo às conclusões em nome da Igreja, Jonathan Gibbs, bispo de Huddersfield, disse: "O relatório é uma leitura chocante, e embora os pedidos de desculpas jamais removam os efeitos do abuso nas vítimas e sobreviventes, hoje queremos expressar nossa vergonha dos acontecimentos que tornaram nossos pedidos de desculpas necessários."
"Toda a Igreja precisa aprender lições deste inquérito."