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Imagens mostram grande falha em teste de novo míssil russo Sarmat, dizem pesquisadores

Publicado 23.09.2024, 11:43
© Reuters. Imagem de satélite do local de lançamento do míssil russo Sarmat, no Cosmódromo de Plesetskn21/09/2024nMaxar Technologies/Divulgação via REUTERS

Por Mark Trevelyan

LONDRES (Reuters) - A Rússia parece ter sofrido uma "falha catastrófica" em um teste de seu míssil Sarmat, uma arma fundamental na modernização de seu arsenal nuclear, de acordo com especialistas em armamentos que analisaram imagens de satélite do local de lançamento.

As imagens capturadas pela satélite Maxar em 21 de setembro mostram uma cratera de cerca de 60 metros de largura no local de lançamento no Cosmódromo de Plesetsk, no norte da Rússia. Elas revelam danos extensos que não eram visíveis nas fotos tiradas no início do mês.

O míssil balístico intercontinental RS-28 Sarmat foi projetado para lançar ogivas nucleares contra alvos a milhares de quilômetros de distância nos Estados Unidos ou na Europa, mas seu desenvolvimento tem sido prejudicado por atrasos e contratempos nos testes.

"Ao que tudo indica, foi um teste mal sucedido. Tem um grande buraco no chão", disse Pavel Podvig, analista baseado em Genebra, que dirige o projeto das Forças Nucleares Russas. "Houve um incidente grave com o míssil e o silo".

Timothy Wright, pesquisador associado do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) em Londres, disse que a destruição da área imediatamente ao redor do silo do míssil sugere uma falha logo após a ignição.

"Uma das possíveis causas é que o primeiro estágio (propulsor) não conseguiu se inflamar adequadamente ou sofreu uma falha mecânica catastrófica, fazendo com que o míssil caísse de volta ou aterrissasse próximo ao silo e explodisse", disse, à Reuters.

James Acton, especialista nuclear do Carnegie Endowment for International Peace, publicou no X que as imagens de satélite de antes e depois eram "muito persuasivas de que houve uma grande explosão" e disse que está convencido de que um teste do Sarmat havia falhado.

O Kremlin encaminhou perguntas sobre o Sarmat para o Ministério da Defesa. O ministério não respondeu a um pedido de comentário da Reuters e não fez anúncios sobre os testes planejados do Sarmat nos últimos dias.

Os EUA e seus aliados estão observando atentamente o desenvolvimento do arsenal nuclear da Rússia em um momento em que a guerra na Ucrânia levou as tensões entre Moscou e o Ocidente ao ponto mais perigoso em mais de 60 anos.

Desde o início do conflito, o presidente Vladimir Putin tem dito repetidamente que a Rússia tem o maior e mais avançado arsenal nuclear do mundo e alertou o Ocidente a não ultrapassar um limite que poderia levar a uma guerra nuclear.

REPETIDOS REVESES

O RS-28 Sarmat de 35 metros de comprimento, conhecido no Ocidente como Satan II, tem um alcance de 18.000 kms e um peso de lançamento de mais de 208 toneladas. A imprensa russa afirma que ele pode carregar até 16 ogivas nucleares com alvos independentes, além de veículos planadores hipersônicos Avangard, um novo sistema que Putin afirmou ser incomparável aos inimigos da Rússia.

Em um determinado momento, a Rússia disse que o Sarmat estaria pronto em 2018, substituindo o SS-18 da era soviética, mas a data de implantação foi adiada repetidas vezes.

Putin afirmou em outubro de 2023 que a Rússia havia quase concluído o trabalho com o míssil. Seu ministro da Defesa na época, Sergei Shoigu, disse que o míssil estava pronto para formar "a base das forças nucleares estratégicas terrestres da Rússia".

© Reuters. Imagem de satélite do local de lançamento do míssil russo Sarmat, no Cosmódromo de Plesetsk
21/09/2024
Maxar Technologies/Divulgação via REUTERS

Segundo Wright, analista do IISS, uma falha no teste não significa necessariamente que o programa Sarmat esteja em perigo.

"No entanto, essa é a quarta falha sucessiva no teste do Sarmat, o que, no mínimo, adiará ainda mais sua já atrasada entrada em serviço e, no máximo, poderá levantar dúvidas sobre a viabilidade do programa", disse.

(Reportagem adicional de Monica Naime na Cidade do México)

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