Por Joseph Ax e Robert Chiarito
NOVA YORK/CHICAGO (Reuters) - Restaurantes e outros negócios nos Estados Unidos fecharam as portas nesta quinta-feira, e milhares de manifestantes foram às ruas em cidades do país numa paralisação para protestar contra as políticas do presidente Donald Trump.
Ativistas fizeram um chamado para que imigrantes ficassem em casa, evitassem compras e faltassem às aulas como parte da manifestação “Um Dia sem Imigrantes”, um esforço para chamar a atenção para o papel vital deles na sociedade norte-americana. Cerca de 13 por cento da população dos Estados Unidos, mais de 40 milhões de pessoas, nasceram no exterior, segundo dados do censo.
"Eu disse à minha professora de inglês que não iria à escola, e ela disse que entendia”, afirmou Rosa Castro, uma cidadã norte-americana de 13 anos em Detroit, que participou de passeata com a irmã de 26 anos, uma das pessoas da sua família sem documentação legal.
O protesto foi provocado pela promessa de Trump de reprimir a imigração ilegal e pelo seu decreto, que foi suspenso pelo Judiciário, que proíbe temporariamente viagens para os EUA de pessoas de sete países de maioria muçulmana. Grupos de defesa dos direitos do imigrante manifestaram alarme depois de operações federais na semana passada nas quais mais de 680 pessoas ilegalmente no país foram presas.
Trump vai substituir o decreto suspenso num futuro próximo, segundo o Departamento de Justiça dos EUA.
A natureza dos protestos desta quinta torna difícil determinar quantos imigrantes estavam participando ou medir o impacto econômico dos atos. Listas organizadas com base em meios de comunicação locais e redes sociais mostraram dezenas de restaurantes fechados em cidades como Boston.
Em Washington, mais de 50 restaurantes ficaram fechados, inclusive estabelecimentos do chef e celebridade José Andrés, que está envolvido numa disputa legal com Trump depois de se retirar de um acordo para abrir um restaurante no novo hotel do presidente em Washington.
No Pentágono, alguns pontos de alimentação foram forçados a fechar depois que funcionários se juntaram ao protesto, incluindo Starbucks, Taco Bell e Burger King.
Manifestações ocorreram em cidades como Raleigh, na Carolina do Norte, e Austin, no Texas. Milhares participaram de atos em Chicago e Detroit.
"A maioria das pessoas que vem para a América vem somente para trabalhar”, disse Fernando Garcia, que nasceu nos EUA, mas fechou o seu negócio em Chicago em apoio aos seus funcionários.
“Eles podem deportar criminosos, mas isso é uma porção muito pequena das pessoas que vêm para cá.”
Os protestos são os mais recentes de uma série de atos organizados por grupos de mulheres, imigrantes e outros ativistas desde que Trump assumiu o poder.
"Nós acrescentamos à economia e à sociedade”, afirmou Kia Allah, de 32 anos, professora muçulmana que se descreveu como metade porto-riquenha e metade negra, que participou do ato em Raleigh. “Às vezes as pessoas só escutam quando atinge o bolso delas.”
(Reportagem adicional de Gina Cherelus e Yahaira Jacquez em Nova York, Jon Herskovitz em Austin, Serena Maria Daniels em Detroit, Timothy McLaughlin em Chicago, Lisa Baertlein em Los Angeles, Sharon Nunn em Raleigh e Idrees Ali, Liza Feria, Lacey Ann Johnson e Ian Simpson em Washington)