Por Linda Sieg e Kiyoshi Takenaka
TÓQUIO (Reuters) - O imperador japonês Akihito, nos comentários com que encerrou seu reinado de três décadas nesta terça-feira, agradeceu ao povo por seu apoio e expressou esperança em um futuro pacífico.
Akihito, de 85 anos, o primeiro monarca a abdicar no país em dois séculos, procurou atenuar as lembranças dolorosas da Segunda Guerra Mundial e aproximar a monarquia do povo, inclusive os marginalizados da sociedade.
O popular Akihito foi o primeiro monarca a assumir o Trono do Crisântemo sob uma Constituição pós-guerra que define o imperador como um símbolo do povo sem poder político.
Seu pai, Hirohito, em cujo nome as tropas japonesas lutaram na Segunda Guerra Mundial, foi considerado um semideus até a derrota do Japão em 1945, quando renunciou à sua divindade.
"Ao povo que me aceitou e apoiou como um símbolo, expresso minha gratidão sincera", disse Akihito, usando um fraque de estilo ocidental, em uma cerimônia curta de abdicação no Salão do Pinheiro do Palácio Imperial.
"Juntamente com a imperatriz, espero de coração que a nova era Reiwa que começa amanhã seja pacífica e frutífera, e rezo pedindo paz e felicidade para nosso país e a população do mundo", disse Akihito, solene, referindo-se à nova era imperial.
Ele estava de pé em um estrado branco e acompanhado pela imperatriz Michiko, que usava um vestido branco e cinza longo.
Cerca de 300 pessoas assistiram à cerimônia, transmitida ao vivo pela televisão, entre eles o primeiro-ministro, Shinzo Abe, o príncipe herdeiro, Naruhito, e a princesa herdeira, Masako, além dos presidentes das duas casas do Parlamento e de juízes da Suprema Corte.
Akihito e Michiko, sua esposa há 60 anos e a primeira plebeia a se casar com um herdeiro imperial, foram muito atuantes como símbolos de reconciliação, paz e democracia.
Akihito, que recebeu tratamento para um câncer de próstata e passou por uma cirurgia cardíaca, disse em um discurso televisionado em 2016 que temia que sua idade dificultasse o cumprimento de suas tarefas.
No início da cerimônia, camareiros levaram os selos do Estado e do Conselho ao salão, além de dois dos "Três Tesouros Sagrados" do Japão – uma espada e uma joia – que, juntamente com um espelho, são símbolos do trono e, segundo a lenda, têm origem na mitologia antiga.