Por Sarah N. Lynch e Makini Brice
WASHINGTON (Reuters) - O indicado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para chefiar a política de drogas do país desistiu nesta terça-feira de pleitear o cargo, após ter se tornado público que liderou um projeto de lei que enfraqueceu o poder do governo para reprimir produtores de opióides que estão inundando o mercado com analgésicos viciantes.
Trump havia indicado Tom Marino, um congressista republicano da Pensilvânia, para liderar o Escritório de Política Nacional para Controle de Drogas, um cargo que requer confirmação do Senado.
Trump escreveu no Twitter: “Dep. Tom Marino me informou que está retirando seu nome de consideração como chefe de política de drogas. Tom é um bom homem e um grande congressista!”.
Uma porta-voz do gabinete de Marino disse que o deputado não tinha comentários imediatos.
Os Estados Unidos estão sofrendo uma grande epidemia de overdoses de opióides e o governo Trump recebeu críticas por sua resposta à epidemia.
Trump ainda declarou a epidemia como emergência nacional, como prometeu fazer em 10 de agosto, seguindo uma recomendação de uma comissão presidencial.
Perguntado sobre isso em uma coletiva de imprensa na segunda-feira, Trump disse que faria a declaração na próxima semana. Isso aumentaria o financiamento, ampliaria o acesso a várias formas de tratamento e daria ao governo mais flexibilidade para tomar medidas para agilizar a ação.
Depois de nove meses na presidência, Trump ainda não nomeou um chefe da Drug Enforcement Administration (DEA), atualmente liderada por um interino.
De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, os opióides foram responsáveis por mais de 33 mil mortes nos EUA em 2015, o último ano para o qual os dados estão disponíveis. As estimativas mostram que a taxa de mortalidade continuou aumentando.
O Washington Post e o programa CBS "60 Minutes" publicaram uma investigação no domingo que mostrou que Marino havia trabalhado para enfraquecer os esforços federais para diminuir o fluxo de drogas opiáceas.
A legislação defendida por Marino, que foi aprovada pelo Congresso e assinada em lei no ano passado pelo presidente democrata Barack Obama, foi o produto de uma busca do setor de drogas para enfraquecer a autoridade da DEA para impedir o fluxo de analgésicos para o mercado negro.
A lei tornou quase impossível que a DEA interrompa a distribuição de narcóticos, de acordo com documentos do governo citados pelo Post.