JACARTA (Reuters) - Autoridades indonésias disseram nesta quinta-feira que esperam anunciar em breve a data de execução de um grupo de condenados por tráfico de drogas, depois que o tribunal mais importante do país rejeitou o recurso final de todos, com exceção de um.
Mais da metade do grupo de 10 prisioneiros que devem enfrentar o pelotão de fuzilamento são estrangeiros, e o caso tem abalado as relações de Jacarta com Austrália, França e Brasil.
"Esperamos que a decisão da Suprema Corte sobre o último caso aconteça o mais rápido possível para que possamos determinar a data (de execução) em breve", disse Tony Spontana, porta-voz do gabinete da procuradoria-geral do país. O recurso que falta ser analisado é de um cidadão indonésio.
A Suprema Corte rejeitou nesta semana os recursos de um francês e de um ganês, segundo relatos da mídia. Os demais membros do grupo são de Austrália, Brasil, Filipinas e Nigéria.
O vice-presidente filipino, Jejomar Binay, se reuniu com seu colega indonésio, Jusuf Kalla, durante uma conferência em Jacarta nesta semana para fazer um apelo por clemência em nome do prisioneiro filipino.
"Esse é um apelo baseado em considerações humanitárias", disse Binay a jornalistas no final da quinta-feira.
Mas questionado se previa um estremecimento diplomático entre os dois países vizinhos caso a execução vá adiante, ele disse: "Duvido".
O presidente francês, François Hollande, alertou a Indonésia na quarta-feira que a execução causará danos nos laços entre os dois países, segundo relatos da mídia.
O governo da Austrália fez repetidos pedidos de clemência para os australianos Andrew Chan e Myuran Sukumaran, mas o presidente da Indonésia, Joko Widodo, os rejeitou.
Após a execução do brasileiro Marco Acher pela Indonésia em janeiro deste ano, a presidente Dilma Rousseff se disse "consternada e indignada" com o ocorrido e convocou o embaixador brasileiro em Jacarta para consultas.
Em fevereiro, Dilma decidiu adiar o recebimento das credenciais do novo embaixador da Indonésia em Brasília para reavaliar a situação bilateral entre os dois países. O Brasil quer evitar a execução do segundo brasileiro condenado por tráfico na Indonésia, Rodrigo Gularte.
A Indonésia tem punições duras a crimes relacionados a drogas e retomou as execuções em 2013, depois de um período de cinco anos sem execuções. Seis já foram realizadas neste ano, entre elas a do brasileiro Acher.
(Reportagem de Randy Fabi e Kanupriya Kapoor)