Por Laila Bassam e Maha El Dahan
BEIRUTE (Reuters) - Uma investigação sobre a explosão catastrófica no porto de Beirute foi paralisada nesta terça-feira pela segunda vez em menos de três semanas, depois que dois políticos procurados para interrogatório apresentaram uma nova queixa contra o investigador principal, o juiz Tarek Bitar.
A investigação tem enfrentado obstáculos desde que Bitar buscou interrogar algumas das pessoas mais poderosas do Líbano sob a suspeita de que sabiam sobre os produtos químicos, mas não fizeram nada para evitar o desastre.
Bitar está sob enorme pressão de grupos que têm acusado sua investigação de parcialidade política e de montar uma campanha de difamação contra ele. O líder do poderoso movimento político xiita fortemente armado Hezbollah disse na segunda-feira que queria que Bitar fosse removido do caso.
A explosão de 4 de agosto de 2020, uma das maiores explosões não nucleares já registradas, matou mais de 200 pessoas e devastou áreas de Beirute.
Políticos importantes chamados para interrogatório recusaram-se a comparecer e os mandados de prisão não estão sendo cumpridos.
Uma reunião do conselho supremo de defesa do país, liderado pelo presidente Michel Aoun, rejeitou na terça-feira pedido de busca emitido pelo juiz para Tony Saliba, o diretor geral de segurança do Estado, disse uma fonte oficial.
Bitar é o segundo juiz a liderar a investigação. Fadi Sawan foi retirado do caso em fevereiro com base em uma queixa semelhante apresentada por políticos que agora estão desafiando Bitar.
“Pela primeira vez, o sistema judicial quer funcionar, mas está sofrendo com as pressões e intervenções políticas”, disse Paul Morcos, advogado e professor de Direito Internacional.