Por Kiyoshi Takenaka e Jack Tarrant
(Reuters) - O chefe do Comitê Olímpico do Japão (COJ), Tsunekazu Takeda, que está sendo investigado por corrupção, anunciou nesta terça-feira que deixará o cargo quando seu mandato terminar, em junho, e que renunciará ao Comitê Olímpico Internacional.
Em dezembro, procuradores franceses interrogaram Takeda em Paris e o tornaram alvo de uma investigação formal devido à suspeita de corrupção na campanha vitoriosa de Tóquio para sediar a Olimpíada de 2020.
Takeda, que foi presidente do comitê da campanha de Tóquio para os Jogos de 2020, disse durante uma reunião do conselho diretivo do COJ que renunciará e não buscará a reeleição.
Em uma coletiva de imprensa realizada posteriormente nesta terça-feira, Takeda disse: "Não acredito que tenha feito nada ilegal".
Quando indagado por que não entregou o cargo de imediato, ele respondeu: "Fico triste por ter criado tanta confusão, mas acredito que é minha responsabilidade cumprir o resto do meu mandato".
Takeda dirige o COJ desde 2001, e sua renúncia cria apreensões a respeito do comitê nacional e da organização dos Jogos de Tóquio de 2020.
"Sinto-me muito mal por estar causando uma perturbação dessas ao público antes dos Jogos de Tóquio do ano que vem", disse Takeda.
"Pensei no futuro do COJ e cheguei à conclusão de que é mais adequado passar o COJ para líderes mais jovens que conduzirão a próxima geração, deixando-os criar a nova era do Japão através da Olimpíada de Tóquio".
A organização da Olimpíada de Tóquio disse em um email à Reuters: "Estamos cientes do anúncio do presidente Takeda, do COJ, hoje de que ele deixará o cargo em junho. Entendemos que o presidente Takeda tomou sua própria decisão. Os detalhes ainda não foram esclarecidos, então gostaríamos de nos abster de comentários adicionais".
Takeda atua no Comitê Executivo da Tóquio 2020, mas ainda não está claro se também se afastará desta função.
Investigadores franceses realizaram um inquérito de anos sobre a corrupção no atletismo, e no início de 2016 incluíram os processos de candidatura e seleção do Rio de Janeiro como sede dos Jogos de 2016 e de Tóquio para 2020.
Pagamentos de vários milhões de dólares feitos pelo comitê de campanha de Tóquio a uma consultoria de Cingapura estão sendo examinados, e Takeda é suspeito de pagar propinas para garantir a vitória da candidatura japonesa.
No caso do Rio, o ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e líder da candidatura aos Jogos de 2016, Carlos Arthur Nuzman, foi preso em 2017 no âmbito de uma investigação sobre compra de votos na eleição olímpica.
(Reportagem adicional de Chris Gallagher e Elaine Lies)