DUBAI (Reuters) - O Irã acusou os Estados Unidos de interferência nesta terça-feira por dizerem que sua eleição não foi nem livre, nem justa, enquanto facções políticas trocaram acusações pelo comparecimento baixo recorde e o número alto de cédulas inválidas.
Ebrahim Raisi, juiz linha-dura alvo de sanções dos EUA, obteve uma vitória já esperada no sábado em uma eleição marcada pela apatia do eleitorado, resultante das adversidades econômicas e as restrições políticas.
Na segunda-feira, um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano disse que seu país considerou o processo que fez de Raisi o presidente eleito iraniano "bastante manipulado", reiterando a opinião dos EUA de que a eleição não foi nem livre, nem justa.
Teerã refutou as críticas.
"Consideramos este comunicado uma interferência em nossos assuntos internos, contrário à lei internacional, e o rejeitamos", disse o porta-voz do governo, Ali Rabiei, segundo citação da mídia estatal. Washington não tem autoridade para expressar opiniões sobre as eleições de outros países, acrescentou ele.
Na segunda-feira, cerca de 150 ex-autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) e especialistas legais e em direitos humanos internacionais pediram em uma carta uma comissão internacional de inquérito sobre as execuções extrajudiciais de milhares de presos políticos iranianos em 1988 nas quais Raisi é acusado de envolvimento.
Mais da metade dos eleitores habilitados estava insatisfeita demais para votar ou pareceu ter ouvido os apelos de dissidentes em casa e no exterior para boicotar a votação de sexta-feira.
(Da redação de Dubai)