Por Ahmed Aboulenein e Phil Stewart e Parisa Hafezi
BAGDÁ/WASHINGTON/DUBAI (Reuters) - Forças iranianas lançaram mísseis contra bases militares que abrigam forças norte-americanas no Iraque nesta quarta-feira, em retaliação ao assassinato de um comandante iraniano pelos Estados Unidos e aumentando o conflito com os EUA em meio a temores de uma guerra mais ampla no Oriente Médio.
Em discurso a um grupo de iranianos que bradavam "Morte à América", o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que os ataques foram "um tapa na cara" dos EUA e que as tropas norte-americanas deveriam deixar a região.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, disse que o país adotou "medidas proporcionais" de legítima defesa e que os ataques "concluíram" a reação de Teerã ao assassinato do general Qassem Soleimani, mas que sua nação não quer agravar o confronto.
O próximo gesto parece caber a Washington.
O presidente dos EUA, Donald Trump, que ordenou o ataque de drone que matou Soleimani em Bagdá na sexta-feira, deu uma resposta inicial no Twitter: "Está tudo bem!".
Vítimas e danos dos ataques com mísseis estão sendo avaliados, e Trump disse que fará uma declaração nesta quarta-feira.
Trump, que teve um impeachment aprovado na Câmara dos Deputados no mês passado e agora enfrenta um julgamento no Senado antes da eleição deste ano, ameaçou no final de semana atacar 52 instalações iranianas se o Irã retaliasse o assassinato de Soleimani.
A televisão estatal disse que o Irã lançou 15 mísseis balísticos de seu território contra alvos norte-americanos no vizinho Iraque. Os alvos foram a base aérea de Al-Asad e uma instalação de Erbil, disse o Pentágono.
Uma fonte disse que os primeiros indícios não apontam baixas norte-americanas, e outras autoridades dos EUA não quiseram comentar.
A televisão iraniana disse que 80 "terroristas americanos" foram mortos e que helicópteros e equipamento militar dos EUA foram danificados, sem fornecer provas de como obteve a informação.
Alemanha, Dinamarca, Noruega e Polônia disseram que nenhum de seus soldados no Iraque foi ferido. O Reino Unido, que também tem pessoal em solo iraquiano, repudiou a ação iraniana. Já o Iraque disse que suas forças não sofreram baixas.
Mais de 5 mil tropas dos EUA permanecem no Iraque, assim como as outras forças estrangeiras de uma coalizão que treina e apoia forças iraquianas contra a ameaça dos militantes do Estado Islâmico.
"Enquanto avaliamos a situação e nossa reação, adotaremos todas as medidas necessárias para proteger e defender pessoal, parceiros e aliados dos EUA na região", disse o porta-voz do Pentágono, Jonathan Hoffman.
(Por Ahmed Aboulenein, em Bagdá; Parisa Hafezi e Babak Dehghanpisheh, em Dubai; Phil Stewart, Steve Holland e Eric Beech, em Washington; Michelle Nichols, na ONU; Steve Scherer, em Ottawa; e Robin Emmott, em Bruxelas)