VIENA (Reuters) - O Irã cometeu uma nova violação de seu acordo nuclear com grandes potências ao enriquecer urânio em centrífugas avançadas, disse um relatório da agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) que controla o pacto nesta quinta-feira, o que enfraquece ainda mais o acordo histórico.
O Irã está desrespeitando as restrições de seu acordo com as grandes potências passo a passo em reação a sanções dos Estados Unidos, impostas desde que Washington rompeu com o entendimento em maio do ano passado.
Os EUA vêm repetindo que está preparada para debater um acordo mais abrangente com o Irã, argumentando que suas sanções econômicas danosas forçarão o regime a voltar à mesa de negociação. Teerã, porém, descartou conversar até estas sanções serem suspensas, e enquanto isso continua com sua expansão nuclear incremental.
"Eles estão ocupados na instalação (de enriquecimento de Natanz)", disse um diplomata em reação ao relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a países-membros nesta quinta-feira.
O pacto só permite que o Irã acumule urânio enriquecido com pouco mais de suas 5 mil centrífugas de primeira geração IR-1 em Natanz, e em números pequenos de modelos mais avançados para pesquisa sem produzir urânio enriquecido.
O acordo também estabelece um teto para a quantidade de urânio enriquecido que o Irã pode produzir e para o nível de pureza no qual pode enriquecê-lo – duas marcas que Teerã já rompeu, mas só incrementalmente, em vez de elevando o nível e a quantidade o mais rapidamente que puder.
"Em 25 de setembro de 2019, a agência verificou que todas as cascatas (de centrífugas) já instaladas nas linhas de P&D 2 e 3... estão acumulando, ou foram preparadas para acumular, urânio enriquecido", disse o relatório da AIEA visto pela Reuters.
(Por François Murphy)