Por Parisa Hafezi
ANCARA (Reuters) - O presidente do Irã, Hassan Rouhani, disse nesta segunda-feira que os Estados Unidos irão se arrepender se decidirem se retirar do acordo nuclear firmado por Teerã e potências mundiais em 2015, e que o país resistirá ferozmente à pressão norte-americana para que limite sua influência no Oriente Médio.
O presidente dos EUA, Donald Trump, crítico de longa data do acordo fechado entre o Irã e seis potências antes de sua chegada ao poder, ameaçou desfiliar seu país não renovando uma suspensão de sanções em 12 de maio, a menos que os signatários europeus do acordo consertem o que chama de seus "defeitos".
"Se eles quiserem ter certeza de que não estamos atrás de uma bomba nuclear, dissemos repetidamente que não estamos e não estaremos", disse Rouhani, que orquestrou o acordo nuclear para amenizar o isolamento iraniano, em um discurso transmitido ao vivo pela televisão estatal.
"Mas se eles quiserem enfraquecer o Irã e limitar sua influência, seja na região ou globalmente, o Irã resistirá ferozmente".
Conforme o pacto assinado com China, EUA, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha, o Irã reduziu significativamente sua capacidade de enriquecimento de urânio para convencer as potências de que o material não pode ser usado para desenvolver bombas atômicas. Em troca, sanções impostas a Teerã foram suspensas, e a maioria delas foi anulada em janeiro de 2016.
França, Reino Unido e Alemanha continuam comprometidos com o pacto e, no esforço de manter Washington filiada a ele, querem iniciar conversas sobre o programa de mísseis balísticos iraniano, suas atividades nucleares depois de 2025 --quando cláusulas essenciais do acordo vencem-- e seu papel nas guerra em curso na Síria e no Iêmen.
O governo do Irã vem rejeitando a redução de sua atuação na região, como exigido pelos EUA e seus aliados europeus. Teerã afirma que seu programa de mísseis é puramente defensivo e que suas ambições nucleares são de natureza exclusivamente civil.
Rouhani disse que a República Islâmica vem sem preparando para qualquer eventualidade, incluindo um acordo sem os EUA –-que incluiria os signatários europeus, a China e a Rússia-– ou nenhum acordo.
"Não estamos preocupados com as decisões cruéis da América... estamos preparados para todos os cenários, e nenhuma mudança ocorrerá em nossas vidas na semana que vem", disse.
(Reportagem adicional de Michael Holden em Londres)