Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O Irã alertou o Conselho de Segurança da ONU nesta quarta-feira que não carregará mais o fardo de preservar o acordo nuclear de 2015 assinado com potências mundiais enquanto Estados europeus pressionam o governo de Teerã a continuar com o pacto pois "não há alternativa viável pacífica".
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se retirou do acordo no ano passado, inflamando as tensões entre Teerã e Washington que acabaram com o abatimento de um drone norte-americano pelo Irã na semana passada. Trump chegou a ordenar ataques em retaliação, mas os cancelou na última hora.
Sob o acordo para conter o programa nuclear de Teerã, a maioria das sanções da ONU e de países ocidentais havia sido suspensa, entretanto, os Estados Unidos impuseram novas sanções com o objetivo de forçar que o Irã volte à mesa de negociações.
"A retirada dos EUA do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) e a reimposição de sua sanções, tornaram o JCPOA quase completamente ineficaz", disse o embaixador do Irã na ONU, Majid Takht Ravanchi, ao Conselho de Segurança de 15 membros.
"O Irã sozinho não pode, não deve e não irá mais carregar todos os fardos para preservar o JCPOA", disse.
Potências europeias tem tentado preservar o acordo, mas o Irã deu um prazo até o dia 8 de julho dizendo que está pronto para cumprir uma ameaça de enriquecer urânio a um nível mais alto que o permitido pelo acordo se a Europa não proteger Teerã das sanções dos Estados Unidos.
"O JCPOA é um acordo nuclear que está funcionando e cumprindo seus objetivos. Também não há alternativa viável e pacífica", disse o embaixador da UE para a ONU, João Vale (SA:VALE3) de Almeida, no Conselho de Segurança da entidade.
O acordo nuclear é endossado por uma resolução de 2015 do Conselho de Segurança. O secretário-geral da ONU, António Guterres, apresenta um relatório a cada seis meses sobre essa resolução, que também pode sujeitar o Irã a um embargo de armas, além de outras restrições.