Por Parisa Hafezi e Phil Stewart
DUBAI/WASHINGTON (Reuters) - O Irã derrubou nesta quinta-feira um drone militar dos Estados Unidos que disse estar em uma missão de espionagem sobre seu território, mas o governo norte-americano disse que a aeronave foi atingida em espaço aéreo internacional em um "ataque sem provocação".
O incidente atiçou os temores de um conflito militar mais amplo no Oriente Médio agora que o presidente dos EUA, Donald Trump, está empenhado em isolar o Irã por causa de seus programas nuclear e de mísseis balísticos e seu papel em guerras regionais.
Trata-se do mais recente de uma escalada de incidentes na região do Golfo Pérsico, uma artéria crucial para os suprimentos globais de petróleo, desde meados de maio, incluindo ataques com explosivos contra seis navios-tanque, que deixaram Irã e EUA perto de um confronto.
O Irã negou envolvimento em qualquer um dos ataques, mas as apreensões mundiais a respeito de uma nova conflagração no Oriente Médio que afete as exportações petrolíferas desencadeou um aumento nos preços do petróleo cru –saltaram de mais de 3 dólares para acima de 6 dólares por barril nesta quinta-feira.
As tensões irromperam com a retirada dos EUA de um acordo nuclear firmado por potências nucleares com o Irã em 2015, e se agravaram quando Washington impôs novas sanções para estrangular o comércio de petróleo vital para Teerã e o regime retaliou no início desta semana ameaçando violar os limites impostos pelo acordo às suas atividades nucleares.
Na segunda-feira, os EUA aumentaram as apostas dizendo que enviarão cerca de mil tropas adicionais, assim como mísseis Patriot e aeronaves de vigilância tripuladas e não-tripuladas, ao Oriente Médio, que se somarão aos 1.500 soldados anunciados após os ataques de maio aos navios-tanque.
O Sepah News, site da Guarda Revolucionária do Irã, disse que o drone "espião" foi abatido sobre Hormozgan, província do sul iraniano situada no Golfo Pérsico.
A agência de notícias semioficial Fars disse que a guarda usou o sistema de míssil de fabricação local "3 Khordad", que o Irã apresentou cinco anos atrás, para destruir o drone.
Uma autoridade norte-americana disse que o drone era um MQ-4C Triton da Marinha dos EUA e que foi abatido no espaço aéreo internacional sobre o Estreito de Hormuz, através do qual cerca de um terço do petróleo do mundo deixa o Golfo.
O capitão da Marinha Bill Urban, porta-voz do Comando Central dos militares dos EUA, disse que o relato do Irã sobre o drone é falso.
"Este foi um ataque sem provocação contra um ativo de vigilância dos EUA em espaço aéreo internacional."