Por Parisa Hafezi e John Irish e Francois Murphy
DUBAI/VIENA (Reuters) - Teerã sugeriu nesta quinta-feira que há novos obstáculos para um acordo que busca ressuscitar o pacto nuclear de 2015 com o Irã, justamente no momento em que potências ocidentais estão lidando com demandas de última hora da Rússia que ameaçaram dinamitar negociações que estavam praticamente completas.
Uma semana atrás, preparações estavam em andamento em Viena para uma reunião no fim de semana para concluir um acordo em que o Irã voltaria a cumprir as restrições do acordo às suas atividades nucleares, em rápido avanço, e que também devolveria os Estados Unidos ao pacto do qual saíram em 2018 ao restaurarem sanções contra Teerã.
Mas no último sábado o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, exigiu de maneira inesperada garantias de que o comércio russo com o Irã não seria afetado por sanções impostas contra Moscou pela invasão à Ucrânia --uma exigência que potências ocidentais disseram ser inaceitável e que Washington insistiu que não considerará.
A demanda da Rússia inicialmente irritou o Irã e pareceu ter ajudado Teerã e Washington a se aproximarem de um acordo nas questões espinhosas pendentes, disseram diplomatas, mas uma série de comentários públicos de autoridades iranianas, incluindo o líder supremo Ali Khamenei, na quinta-feira indicaram que os ventos mudaram.
“A abordagem dos EUA às demandas do Irã, junto com propostas pouco razoáveis e pressão injustificada para chegar rapidamente a um acordo, mostra que os EUA não estão interessados em um acordo forte que seria satisfatório para os dois lados”, disse a principal autoridade de segurança de Khamenei, Ali Shamkhani, em inglês, pelo Twitter, na manhã desta quinta-feira.
Shamkhani não especificou a quais demandas se referia, mas que haja alguma contradiz o que quatro autoridades ocidentais haviam dito --que um esboço final havia sido fechado e que precisava de apenas poucos ajustes, com exceção da questão aberta sobre as demandas da Rússia.
(Reportagem adicional de redação de Dubai)