DUBAI (Reuters) - O Irã ultrapassou o limite de seu estoque de urânio enriquecido previsto em um acordo de 2015 com grandes potências, disseram duas fontes à Reuters nesta segunda-feira, desafiando uma advertência dos signatários europeus para que se mantivesse leal ao pacto apesar das sanções impostas pelos Estados Unidos.
"Como anunciamos quando dissemos que nossos passos continuariam, o estoque ultrapassou os 300kg", disse uma das fontes.
Segundo a agência semioficial de notícias Fars, uma fonte disse que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) medirá o estoque do Irã nesta segunda-feira.
Enriquecer urânio a um baixo nível de 3,6% de material físsil é o primeiro passo em um processo que eventualmente pode permitir ao Irã acumular urânio altamente enriquecido para construir uma ogiva nuclear.
Na última quarta-feira, a AIEA verificou que o Irã tinha cerca de 200 quilos de urânio de baixo enriquecimento, um pouco abaixo do limite de 202,8 quilos do acordo, disseram à Reuters três diplomatas que acompanham o trabalho da agência. Nesta segunda-feira, a AIEA não estava imediatamente disponível para comentar.
Depois de conversas na sexta-feira em Viena, o Irã disse que os países europeus ofereceram muito pouco em termos de assistência comercial para persuadi-lo a desistir do plano, uma resposta à decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, no ano passado de desistir do acordo e reimpor sanções econômicas.
O acordo entre o Irã e seis potências mundiais suspendeu a maioria das sanções internacionais contra a nação do Oriente Médio em troca de restrições ao trabalho nuclear com o objetivo de estender o tempo necessário para que o Irã produzisse uma bomba atômica, se assim escolhesse, de cerca de 2 a 3 meses a um ano.
O Irã afirma que seu programa nuclear visa somente a fins pacíficos, incluindo a geração de energia.
Em discurso nesta segunda-feira, transmitido ao vivo pela televisão estatal, o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, disse: "O Irã nunca cederá à pressão dos Estados Unidos... Se quiserem conversar com o Irã, devem mostrar respeito...".
"Nunca ameace um iraniano... O Irã sempre resistiu à pressão e respondeu com respeito quando respeitado".
(Reportagem adicional de Babak Dehghanpisheh, em Genebra, e François Murphy, em Viena)
((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))
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