DUBAI (Reuters) - Milhares de iranianos protestaram na região sudeste nesta sexta-feira para marcar a repressão das forças de segurança em 30 de setembro, conhecida como "Sexta-feira Sangrenta", enquanto os governantes clericais do país enfrentam uma persistente inquietação em todo o país.
A Anistia Internacional afirmou que forças de segurança assassinaram ilegalmente pelo menos 66 pessoas em setembro, quando atiraram contra manifestantes em Zahedan, capital da província de Sistão-Baluchistão. Autoridades disseram que dissidentes haviam provocado os conflitos.
Um vídeo publicado pela conta ativista de Twitter com muitos seguidores, 1500 Tasvir, supostamente mostra milhares de pessoas marchando novamente em Zahedan nesta sexta-feira. A Reuters não conseguiu verificar a autenticidade das imagens.
Outro vídeo, que segundo 1500 Tasvir era da cidade de Khash, no sudeste, mostrava manifestantes pisando e quebrando uma placa de rua com o nome do general Qassem Soleimani, assassinado por um ataque de drone dos EUA em 2020 no Iraque.
A revolta popular anterior aos tiros de 30 de setembro foi alimentada por alegações de estupro de uma adolescente local contra um policial. As autoridades disseram que o caso está sendo investigado.
Protestos contra o governo também começaram a eclodir naquele mês após a morte de uma mulher curda, Mahsa Amini, detida pela polícia da moralidade por supostamente violar o rígido código de vestimenta que a República Islâmica impõe às mulheres.
Desde então, manifestações nacionais transformaram-se em revolta popular, incluindo estudantes, médicos, advogados, trabalhadores e atletas, com a fúria direcionada em geral contra o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei.
Queixas, julgamentos
O governo, que creditou a morte de Amini a problemas médicos pré-existentes, afirmou que os manifestantes são fomentados por inimigos do Irã, incluindo os Estados Unidos, e prometeu restaurar a ordem.
Também acusou separatistas armados de causar violência e tentar desestabilizar a República Islâmica.
Parte da maior inquietação tem ocorrido em regiões de grupos étnicos minoritários com ressentimentos antigos contra o Estado, incluindo as regiões de Sistão-Baluchistão e Curdistão.
A agência de notícias ativista HRANA disse que 330 manifestantes foram mortos até a última quinta-feira, incluindo 50 menores de idade. Trinta e nove membros das forças de segurança também morreram, e quase 15.100 pessoas foram detidas, disse.
Em um comunicado, especialistas de direitos humanos da ONU pediram nesta sexta-feira que autoridades iranianas parem de indiciar pessoas com acusações que carregam pena de morte por participação, ou suposta participação, em manifestações pacíficas.
(Reportagem adicional de Emma Farge, em Genebra)