DUBAI (Reuters) - O Irã rejeitou nesta terça-feira as críticas da Arábia Saudita sobre as intervenções iranianas em países instáveis no Oriente Médio, e acusou o reino, por sua vez, de desempenhar um papel desestabilizador na volátil região.
A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã, Marzieh Afkham, respondeu assim aos comentários do chanceler saudita, Adel al-Jubeir, que na segunda-feira disse que o papel militar do Irã na Síria o desqualifica para participar dos esforços de pacificação no território sírio.
"O chanceler saudita, cujo país assumiu uma abordagem conduzida pelo lado militar e promove o extremismo em conflitos regionais ... não é qualificado para falar sobre o papel do Irã na região", disse Marzieh, segundo a agência de notícias estatal Irna.
Em declaração separada, o ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, afirmou que as autoridades sauditas não tinham assumido a responsabilidade pelo desastre na peregrinação muçulmana a Meca, o haj, no mês passado, no qual o Irã diz que 465 peregrinos iranianos morreram.
A Arábia Saudita não informou o número final de mortos no tumulto de 24 de setembro em Mina, nos arredores da cidade sagrada muçulmana de Meca. Declarações individuais de países afetados sugerem que a cifra é muito superior à contagem inicial do governo saudita, de 769 mortos.
"Nós sentimos que o governo e funcionários do haj na Arábia Saudita não assumiram a responsabilidade pelo desastre em Mina, não tomaram as medidas adequadas para salvar os peregrinos e não realizaram uma investigação sobre situação das vítimas", disse Zarif, acordo com a Irna.
A Arábia Saudita, país de maioria muçulmana sunita, e o Irã, país de cultura persa e majoritariamente xiita, disputam influência no Oriente Médio. Ambas as potências regionais têm papel ativo em conflitos como o da Síria e o do Iêmen, e uma culpa a outra por fomentar a instabilidade e o sectarismo.
Jubeir disse que ao armar o presidente sírio, Bashar al-Assad, e "enviar" milícias xiitas para lutar ao lado de suas forças, o Irã se tornou um "ocupante" de terras árabes. Ele também repetiu seu chamado para que Assad renuncie.
(Reportagem de Sam Wilkin)