Por Dan Williams e Angus McDowall
JERUSALÉM/BEIRUTE (Reuters) - Israel afirmou nesta quinta-feira que atacou quase toda infraestrutura militar do Irã na Síria depois que forças iranianas dispararam mísseis contra território controlado por Israel pela primeira vez.
A ação representa a mais pesada investida militar israelense na Síria desde o início da guerra civil síria em 2011, na qual tropas iranianas, milícias xiitas aliadas e soldados russos se mobilizaram em apoio ao presidente sírio, Bashar al-Assad.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que monitora o conflito, disse que os ataques israelenses mataram pelo menos 23 militares, incluindo sírios e não sírios.
O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, disse que os mísseis iranianos não acertaram seus alvos, que eram bases militares nas Colinas de Golã ocupadas por Israel, ou foram interceptados.
As expectativas sobre um aumento de tensão na região, em meio a alertas de Israel de que estava determinado a impedir o entrincheiramento militar iraniano na Síria, foram alimentadas pelo anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na terça-feira, de que vai retirar seu país do acordo nuclear fechado com o Irã em 2015.
O governo Trump retratou sua posição contra o acordo como uma resposta, em parte, às intervenções militares de Teerã na região, endossando a postura rígida do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, diante do Irã.
O ataque em Golã foi "só mais uma demonstração de que o regime iraniano não é confiável e outro bom lembrete de que o presidente tomou a decisão certa de sair do acordo com o Irã", disse a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, à rede Fox News.
Israel disse que 20 foguetes iranianos Grad e Fajr foram abatidos por seu sistema de defesa antiaérea Domo de Ferro ou não atingiram os alvos em Golã, um território que capturou da Síria na Guerra dos Seis Dias de 1967.
A Força Quds, um braço externo da Guarda Revolucionária iraniana, realizou o ataque, segundo Israel.
A mídia estatal síria disse que dezenas de mísseis israelenses atingiram uma estação de radar, posições da defesa aérea do país e um depósito de munições, ressaltando os riscos de uma escalada ainda maior envolvendo o Irã e seus aliados regionais.
O Ministério da Defesa russo disse que a Síria abateu mais da metade dos mísseis disparados por Israel, segundo a agência de notícias RIA.
"Atingimos... quase toda infraestrutura iraniana na Síria", disse Lieberman em uma sessão de perguntas e respostas na conferência de segurança anual Herzliya, em Tel Aviv. "Espero que tenhamos encerrado este capítulo e que todos tenham recebido o recado".
O porta-voz dos militares israelenses, tenente-coronel Jonathan Conricus, disse a repórteres que o ataque iraniano foi "comandado e ordenado por Qassem Soleimani (principal general da Força Quds) e não cumpriu seu objetivo".
Conricus disse que Israel reagiu destruindo dezenas de instalações militares iranianas na Síria, além de unidades antiaéreas sírias que tentaram em vão derrubar aviões israelenses.
"Ainda não sabemos o saldo de baixas (iraniano)", disse. "Mas posso dizer que, em termos do nosso objetivo, nos concentramos menos nos recursos humanos e mais nas capacidades e nos equipamentos... para infligir danos de longo prazo no establishment militar iraniano na Síria. Avaliamos que este precisará de um tempo substancial para se recompor".
O Irã não comentou de imediato.
(Reportagem adicional de Dan Williams e Jeffrey Heller, em Jerusalém, e Dahlia Nehme e Tom Perry, em Beirute)