Por James Mackenzie
JERUSALÉM (Reuters) - As forças aéreas e terrestres israelenses ampliaram seus ataques ao Hamas na Faixa de Gaza nesta sexta-feira, conforme anúncio das autoridades militares, e o grupo militante palestino disse que seus combatentes estavam em confronto com tropas inimigas em áreas próximas à fronteira com Israel.
A Assembleia Geral das Nações Unidas apoiou de forma esmagadora uma resolução elaborada pelos Estados árabes, apelando a um mandato humanitário imediato, e exigiu o acesso para ajuda ao território sitiado, além de proteção aos civis.
Embora não seja vinculativa, a resolução tem peso político, refletindo o estado de espírito global. O texto foi aprovado com uma salva de palmas com 120 votos a favor, enquanto 45 países se abstiveram e 14 -- incluindo Israel e EUA -- foram contrários.
Em Gaza, as empresas locais de telecomunicações e a Sociedade do Crescente Vermelho Palestiniano afirmaram que os serviços de internet e de telefonia móvel foram cortados.
“Nas últimas horas, intensificamos os ataques em Gaza”, disse o contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz das forças de defesa de Israel, em coletiva de imprensa televisionada após o anoitecer desta sexta-feira. A Força Aérea de Israel estava conduzindo ataques extensivos a túneis e outras infraestruturas, afirmou.
“Além dos ataques realizados nos últimos dias, as forças terrestres estão expandindo suas operações esta noite”, disse ele, levantando a questão sobre se a tão esperada invasão terrestre de Gaza pode estar prestes a começar.
Militantes do Hamas estavam em confronto com tropas israelenses na cidade de Beit Hanoun, no nordeste de Gaza, e na área central de Al-Bureij, disse o braço armado do grupo militante.
O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, não quis comentar a expansão da operação terrestre. Mas disse que Washington apoia o direito de Israel de se defender.
“Não estamos traçando linhas vermelhas para Israel”, afirmou Kirby.
Mark Regev, conselheiro do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, disse à emissora norte-americana MSNBC que Israel estava iniciando sua vingança contra o Hamas e que "Gaza sentirá nossa ira esta noite".
“Eles continuarão a ser alvo dos nossos golpes até que tenhamos desmantelado sua máquina militar e dissolvido sua estrutura política em Gaza”, disse ele à Fox News. “Quando isto acabar, Gaza será muito diferente.”
As forças terrestres israelenses se concentraram do lado de fora de Gaza, onde Israel tem conduzido uma intensa campanha de bombardeios aéreos desde o ataque mortal de 7 de outubro por centenas de homens armados do Hamas, que invadiram comunidades israelenses próximas à fronteira com a faixa, matando 1.400 pessoas e levando mais de 200 para cativeiros.
Uma invasão terrestre agravaria o que os grupos de ajuda chamam de crise humanitária no território, após dias de bombardeios aéreos que as autoridades de saúde palestinas em Gaza, controlada pelo Hamas, dizem ter matado mais de 7.000 palestinos.
COMUNICAÇÕES DIFICULTADAS, "PAUSA HUMANITÁRIA"
O maior provedor de telecomunicações em Gaza, o Paltel, afirmou: "Todos os serviços de telecomunicações, incluindo telefone fixo, móvel e internet, foram perdidos na Faixa de Gaza" devido a um bombardeio intensivo e contínuo.
“Gaza está atualmente em blecaute", disse o provedor.
A Sociedade do Crescente Vermelho afirmou ter perdido completamente o contato com sua sala de operações em Gaza e com suas equipes no local.
Os meios de comunicação afiliados ao Hamas publicaram uma declaração do governo de Gaza dizendo que as equipes de resgate não estão conseguindo receber chamadas de emergência.
A organização Médicos Sem Fronteiras disse na plataforma de mídia social X, anteriormente conhecida como Twitter, que não conseguia entrar em contato com alguns colegas palestinos.
"Estamos especialmente preocupados com pacientes, equipes médicas e milhares de famílias que estão se abrigando no Hospital Al Shifa e em outras unidades de saúde", informou a organização.
A diretora do Fundo da ONU para a Infância (Unicef), Catherine Russell, disse que sua agência também já não conseguia comunicação com sua equipe em Gaza.
“Estou extremamente preocupada com a segurança deles e com mais uma noite de horror indescritível para 1 milhão de crianças em #Gaza”, publicou no X. “Todos os humanitários e as crianças e famílias que eles servem DEVEM ser protegidos."
POSIÇÃO DOS EUA
Enquanto Israel anunciava uma intensificação nas operações, o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, disse que os EUA apoiam uma pausa nas atividades militares israelenses em Gaza para fornecer ajuda humanitária, combustível e eletricidade aos civis de lá.
Kirby também afirmou que se a retirada de Gaza de mais de 200 reféns sequestrados pelo Hamas exigisse uma pausa temporária localizada, então os EUA apoiariam essa solução.
Israel disse que estava preparando uma invasão terrestre de Gaza, mas os EUA e os países árabes instaram as forças israelenses a adiarem uma operação que pode multiplicar o número de vítimas civis na faixa costeira densamente povoada e poderia desencadear um conflito ainda mais amplo.
(Reportagem de Nidal al-Mughrabi, Ahmed Mohamed Hassan, Tala Ramadan, Emily Rose, Adam Makary, Jeff Mason, Phil Stewart, Michelle Nichols, Gabriela Baczynska e Andrew Gray; texto de Grant McCool, Michael Perry, Kevin Liffey e Giles Elgood e David Brunnstrom)