JERUSALÉM (Reuters) - Israel declarou nesta sexta-feira que irá liberar milhões de dólares de impostos para a Autoridade Palestina, três meses depois de congelar os pagamentos em protesto contra as ações unilaterais dos palestinos para obter o reconhecimento de um Estado próprio.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, informou que os fundos serão enviados por razões humanitárias e que estão alinhados aos "interesses de Israel".
A medida pode ser vista como uma tentativa de reaproximação, especialmente pela Casa Branca, que criticou os comentários ásperos que Netanyahu fez sobre os palestinos na véspera da eleição que venceu este mês.
Em janeiro Israel interrompeu a transferência mensal de 130 milhões de dólares de impostos e taxas alfandegárias que recolhe em nome da Autoridade Palestina depois que a organização se candidatou para se juntar ao Tribunal Penal Internacional.
Desde então, mais de 500 milhões de dólares foram retidos, o que levou a Autoridade Palestina, que administra a Cisjordânia, a cortar os salários da maior parte de seus empregados em 40 por cento e recorrer a um orçamento de emergência.
Como a entidade tem um déficit que já chega a cerca de 15 por cento de seu Produto Interno Bruto (PIB) e a transferência de impostos representa dois terços de sua renda, a situação do orçamento se agrava a cada mês.
O desemprego gira em torno de 25 por cento e a produção deve encolher este ano, aumentando fortemente o risco de instabilidade e violência.
O gabinete de Netanyahu declarou que "as receitas de impostos que se acumularam até fevereiro serão transferidas, e compensadas por pagamentos de serviços realizados para a população palestina como eletricidade, água e
hospitalização", mas não informou se a transferência será repetida.
(Por Ari Rabinovitch e Nidal al-Mughrabi)