ROMA (Reuters) - Os museus que abrigam obras-primas como o Davi de Michelangelo e a Vênus de Botticelli em breve passarão a ficar a cargo de diretores estrangeiros pela primeira vez, já que a Itália está alterando o que uma autoridade de primeiro escalão chamou de administração "esclerosada" dos museus.
Após uma busca por talentos em todo o mundo, o Ministério da Cultura italiano nomeou nesta terça-feira 20 novos administradores para cuidarem das galerias mais prestigiosas do país.
Sete dos candidatos escolhidos não são italianos, inclusive os indicados para o Uffizi e a Accademia de Florença, que abrigam respectivamente "O Nascimento de Vênus", uma das pinturas mais famosas do mundo, e o "Davi" de mármore.
As indicações fazem parte de uma organização que encampa todo o ministério e cujo objetivo é aprimorar a preservação e a divulgação dos tesouros artísticos e arquitetônicos da Itália, cuja manutenção tem sido ameaçada por décadas de má gestão e negligência.
"O sistema dos museus estava esclerosado. Um sistema fraco: recursos inadequados e regras paralisantes", disse Paolo Baratta, encarregado pela pasta de guiar o processo de seleção, ao jornal La Repubblica nesta terça-feira, antes do anúncio das nomeações.
"É uma situação muito diferente do que acontece no exterior, onde os museus são verdadeiros motores culturais", afirmou Baratta, atualmente presidente da Bienal de Veneza, que existe há 120 anos.
(Reportagem de Isla Binnie)