Por Steve Scherer
ROMA (Reuters) - Quase um quinto a mais de imigrantes chegaram à Itália de barco neste ano, estabelecendo um recorde e elevando o total dos últimos três anos para mais de meio milhão, disse o Ministério do Interior nesta sexta-feira.
Ao comentar as cifras, uma autoridade da pasta voltou a se queixar da falta de ajuda de outros países da União Europeia para Roma lidar com a crise.
"Foi um ano de recorde de chegadas, e apesar de todo o alarmismo a Itália se portou com grande dignidade", disse à Reuters Mario Morcone, funcionário do Interior a cargo do sistema imigratório do país. "E o fez sem muita solidariedade europeia."
Em 2015, países-membros da UE prometeram realocar 40 mil postulantes a asilo da Itália para outros Estados ao longo de dois anos, mas só 2.654 foram transferidos até o momento. Várias nações se recusaram a receber sequer um deles.
Depois de um acordo firmado entre o bloco e a Turquia para conter o fluxo de imigrantes que partem da Grécia pelo mar, a Itália se tornou o foco dos traficantes de pessoas baseados principalmente na Líbia, que abarrotam embarcações inseguras com homens, mulheres e crianças para a travessia.
Mais de 181 mil imigrantes aportaram na Itália em 2016, informou o ministério, um aumento de quase 18 por cento em comparação com 2015. O total deste ano exclui os possíveis recém-chegados desta sexta-feira e de sábado.
Desde o início de 2014, mais de 500 mil imigrantes a bordo de barcos chegaram à Itália partindo do norte da África. Muitos fugiam da guerra, da pobreza e da opressão política, e não há sinal de que irão parar de zarpar no novo ano.
Os postulantes a asilo a quem é negada uma forma de proteção internacional geralmente apelam ao sistema de Justiça italiano, que está entre os mais lentos da Europa. Enquanto aguardam uma decisão final, que pode levar anos, permanecem em abrigos custeados pelo Estado.
Cerca de 175 mil postulantes a asilo estão vivendo em abrigos italianos, oito vezes mais do que em 2013.
Este ano também foi o mais fatal de todos os tempos para os imigrantes no mar Mediterrâneo, já que 5 mil deles perderam a vida, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).