Por Chris Gallagher e Elaine Lies
TÓQUIO (Reuters) - Uma visita feita pelo primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, nesta sexta-feira a uma ilha que tanto o Japão quanto a Rússia reivindicam foi extremamente lamentável, disse o ministro das Relações Exteriores japonês, exortando Moscou a adotar medidas construtivas para aprimorar os laços.
Em sua primeira visita desde 2015, Medvedev viajou a uma das quatro ilhas controladas pela Rússia no litoral de Hokkaido, região do norte japonês, conhecida como Iturup em russo e Etorofu em japonês, apesar dos protestos feitos por Tóquio antes da visita.
O Japão reivindica as ilhas, que chama de Territórios do Norte. Elas foram invadidas pelo Exército soviético nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial.
Visitas como a de Medvedev são incompatíveis com a posição do Japão sobre os Territórios do Norte e ferem os sentimentos de seu povo, disse a chancelaria em um comunicado.
"Exortamos fortemente o lado russo a adotar medidas construtivas para aprimorar as relações Japão-Rússia, inclusive na questão da conclusão do tratado de paz", acrescentou.
A viagem de Medvedev nesta semana poderia inviabilizar conversas para um tratado de paz e atividades econômicas conjuntas no local.
Ela ocorre pouco mais de um mês após o presidente russo, Vladimir Putin, dizer que os vizinhos mostraram desejo de estabelecer tais atividades
Mas Medvedev disse não ter se inquietado com o protesto de Tóquio. "Esta é nossa ilha... que razões poderia haver para estarmos preocupados?", disse, segundo citação da agência de notícias RIA.
A disputa territorial a respeito da cadeia de ilhas impediu um tratado de paz formal entre os dois países.
Em setembro, em uma conferência na cidade russa de Vladivostok, Putin surpreendeu o premiê japonês, Shinzo Abe, ao sugerir a assinatura de um tratado de paz até o final do ano "sem quaisquer precondições".
Embora Abe tenha rejeitado a proposta, em janeiro prometeu buscar um tratado em uma reunião que teve com Putin, mas o progresso tem se mostrado esquivo.
Putin e Abe se encontraram nos bastidores da cúpula do G20 em Osaka, cidade do oeste do Japão, em 29 de junho e debateram o tratado, assim como atividades econômicas nas ilhas, que a Rússia chama de Curilas do Sul.
Desde então, autoridades de alto escalão e líderes políticos das duas nações debateram maneiras de encerrar a disputa territorial de décadas e concluir o tratado.
(Reportagem adicional de Tom Balmforth, em Moscou)
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