BERLIM/SEUL (Reuters) - O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, saudou a libertação de um dos três norte-americanos presos na Coreia do Norte e disse que os EUA estão dispostos a retomar as conversas com Pyongyang caso o governo norte-coreano se comprometa com a desnuclearização.
Jeffrey Fowle, de 56 anos, foi preso em maio por deixar uma Bíblia em um clube de marinheiros na cidade norte-coreana de Chongjin. Ele foi liberado nesta terça-feira e levado de Pyongyang em um avião do governo dos EUA. De acordo com Kerry, nada foi pedido em troca.
A agência estatal de notícias da Coreia do Norte, a KCNA, disse que Kim Jong Un, o líder do país, havia liberado Fowle levando em consideração os "repetidos pedidos" do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
"O criminoso foi entregue para o lado norte-americano, de acordo com um relevante procedimento legal", disse a KCNA.
Kerry, falando em Berlim, expressou esperança de que as conversas de desnuclearização com Pyongyang possam recomeçar em breve, de novo com a possibilidade de que os EUA possam, eventualmente, começar a reduzir sua presença militar na região.
"Dissemos isso desde o primeiro dia, de que se a Coreia do Norte quiser se entrosar de novo com a comunidade de nações, ela sabe como fazer isso - através de conversas preparadas para discutir a desnuclearização", disse Kerry.
"Os EUA estão totalmente preparados, se eles fizerem isso e começarem o processo, estamos preparados para começar o processo de reduzir a necessidade de presença de forças norte-americanas na região, porque a própria ameaça será reduzida", acrescentou.
A ampla presença de militares dos EUA na Coreia do Norte é uma grande fonte da insatisfação do governo norte-coreano.
No começo deste mês, Washington reiterou que Pyongyang deve primeiro tomar medidas significativas para a desnuclearização e também evitar realizar atos provocativos a fim de retomar as conversas sobre seu programa nuclear.
A Coreia do Norte está sob sanções da ONU por causa de seus programas nuclear e balístico.
Fowle foi libertado em meio à crescente pressão internacional sobre a Coreia do Norte por causa de seu histórico de direitos humanos. Ele voou de volta para sua família em Ohio. Imagens de TV dos EUA nesta quarta-feira o mostraram chegando a uma base aérea em solo norte-americano.
Kerry disse que os EUA estavam em contato com as famílias dos outros dois norte-americanos presos, Kenneth Bae e Matthew Miller, e esperava que pudessem ser libertados em breve.
(Por Tony Munroe, em Seul; Michelle Martin, em Berlim; e Susan Heavey, em Washington)