Por Sarah Young e Andy Bruce
LONDRES (Reuters) - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu nesta sexta-feira pelo "encerramento" das divisões do Brexit que assolaram o Reino Unido, dizendo que sua vitória nas eleições garantiu um mandato esmagador para a saída britânica da União Europeia em 31 de janeiro.
Johnson, o rosto da vitoriosa campanha pela saída da UE no referendo de 2016, disputou a eleição sob o lema "Get Brexit Done" (faça o Brexit), prometendo acabar com o impasse e gastar mais em saúde, educação e segurança.
Ele obteve a maior vitória conservadora desde o triunfo esmagador de Margaret Thatcher em 1987, vencendo seu oponente socialista do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, ao conquistar 365 cadeiras com uma maioria de 80. Os trabalhistas levaram 203 assentos.
Desde o referendo, o Brexit dividiu o Reino Unido e incentivou discussões profundas sobre tudo, desde secessão e imigração até capitalismo, império e modernidade britânica.
Johnson pediu que se inicie a conciliação.
"Francamente faço um apelo a todos os lados de que, após três anos e meio...consigam chegar ao encerramento e permitam que a conciliação comece", disse Johnson do lado de fora da residência oficial do premiê britânico, no número 10 da Downing Street.
"Eu sei que, depois de cinco semanas de eleições, este país merece uma pausa nas discussões, uma pausa na política e uma pausa permanente nas conversas sobre o Brexit."
Com uma maioria tão grande, Johnson agora ratificará rapidamente o acordo do Brexit que ele firmou com a UE para que o Reino Unido possa sair em 31 de janeiro --10 meses depois do planejado inicialmente.
Tanto os oponentes quanto os defensores do Brexit concordam que é o movimento geopolítico mais significativo do Reino Unido desde a Segunda Guerra Mundial, lançando a quinta maior economia do mundo e um dos pilares do Ocidente num futuro incerto.
Uma grande maioria como essa faz lembrar aquelas garantidas por líderes anteriores, como Thatcher e Tony Blair, do Partido Trabalhista. Mas, além do Brexit, Johnson deu poucas pistas sobre qual é sua visão para o Reino Unido.
PERÍODO DE TRANSIÇÃO
O Brexit está longe de terminar. Depois de 31 de janeiro, o Reino Unido entrará em um período de transição, quando negociará um novo relacionamento com os 27 países restantes da UE. O resultado dessas negociações moldará o futuro de sua economia de 2,7 trilhões de dólares.
O período de transição pode durar até o final de dezembro de 2022 sob as regras atuais, mas os conservadores fizeram uma promessa eleitoral de não estendê-lo para além do final de 2020.
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que muitos membros da UE ficaram aliviados com o fato de o Reino Unido agora ter um Parlamento com uma clara maioria, destacando a frustração que líderes europeus sentiram durante três anos de impasse político em Londres.
Mas ela disse que será "muito complicado" concluir as negociações sobre um novo relacionamento até dezembro de 2020.
O presidente da França, Emmanuel Macron, alertou os britânicos de que quanto mais desregulamentarem sua economia após o Brexit, mais perderiam o acesso ao mercado único da UE.