Por Suleiman Al-Khalidi
AMÃ (Reuters) - A Jordânia sediará na quarta-feira uma cúpula em Amã com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e líderes do Egito e da Palestina para discutir as “perigosas” repercussões da guerra em Gaza para a região, disseram autoridades.
As discussões se concentrarão em formas de travar "a guerra em curso em Gaza e formas de encontrar um horizonte político que permita o renascimento do processo de paz", afirmou um comunicado oficial.
O rei Abdullah da Jordânia também realizará separadamente uma cúpula tripartidária com o presidente egípcio, Abdel Fattah al Sisi, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
As autoridades disseram que o monarca irá enfatizar a Biden na quarta-feira que o país resistiria a qualquer tentativa de empurrar refugiados palestinos para a Jordânia se o conflito se estendesse à Cisjordânia numa conflagração regional mais ampla.
A Jordânia, que faz fronteira com a Cisjordânia, é o país que absorveu a maior parte dos palestinos que fugiram ou foram expulsos das suas antigas casas após a criação de Israel.
O rei Abdullah já havia repetido advertências semelhantes ao final de uma viagem à Europa, na qual também fez lobby por apoio para pressionar Israel a permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza sem qualquer pré-condição.
O monarca se reuniu com comandantes do Exército logo após sua chegada a Amã, na terça-feira, dizendo que o reino iria “proteger suas fronteiras” contra qualquer tentativa de Israel de expulsar os palestinos.
Uma grande percentagem da população da Jordânia já é constituída por palestinos.
"Toda a região está à beira de cair no abismo. O novo ciclo de morte e destruição está nos empurrando nessa direção", disse o monarca na linguagem mais dura até agora desde o início do conflito, após um devastador ataque do Hamas.
“A ameaça da expansão desta guerra é real”, acrescentou.
Autoridades jordanianas expressam temores de que Israel possa usar a guerra com o Hamas para empurrar os palestinos para a Jordânia, algo que, segundo eles, alguns agentes políticos israelenses querem há muito tempo.
Amã, que perdeu a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, para Israel durante a guerra de 1967 no Oriente Médio, também está preocupada com uma potencial repercussão da violência dentro do país.
Eles implantaram medidas de segurança pesadas perto da fronteira para impedir que ativistas realizassem protestos.
As manifestações anti-Israel também têm se espalhado por todo o país, com algumas vozes críticas à aparente inação das autoridades, dizendo que os seus irmãos em Gaza são deixados sozinhos para enfrentar o poderio militar de Israel.
(Reportagem de Suleiman Al-Khalidi)