Por Edward McAllister e Nick Carey
ST. LOUIS, EUA (Reuters) - Familiares e amigos celebraram nesta segunda-feira a vida de Michael Brown, adolescente negro morto por um policial na cidade de Ferguson, no Estado norte-americano do Missouri, em um velório repleto de música e clamores para que ele seja lembrado com paz e mudanças políticas.
Milhares de pessoas se espremeram na igreja batista onde o serviço foi realizado e do lado de fora, na avenida Dr. Martin Luther King, em St. Louis, um cenário contrastante com as manifestações violentas que abalaram a cidade suburbana depois do assassinato a tiros do jovem de 18 anos desarmado.
A morte de Brown concentrou a atenção nas tensões raciais nos Estados Unidos, e os protestos evocaram a crítica ao uso de equipamento militar, às táticas truculentas da polícia local e à discriminação contra negros nas batidas policiais.
Um júri começou a ouvir testemunhos sobre o tiroteio, e o Departamento de Justiça dos EUA abriu sua própria investigação.
Comentando o caso Brown, o reverendo Al Sharpton, ativista de direitos civis, pediu um inquérito justo e imparcial sobre o assassinato e o fim da brutalidade policial.
"Michael Brown não quer ser lembrado por tumultos", declarou Sharpton, "mas como aquele que fez os Estados Unidos encararem a maneira como vamos fazer o policiamento no país".
Mas ele conclamou a comunidade negra a pôr fim aos episódios de violência e saques nas ruas que mancharam o nome de Ferguson.
"Temos que ficar ultrajados por nosso desrespeito uns pelos outros", afirmou. "Alguns de nós agem como se a definição de negritude fosse o quão baixo você consegue ir."
Do lado de fora da igreja, a presença policial era intensa, mas discreta. As autoridades se prepararam para possíveis confrontos entre manifestantes e a polícia, embora estes tenham se reduzido significativamente nos últimos dias.
A multidão repetiu o já familiar "mãos para cima, não atire", que vem sendo entoado pelos manifestantes nas ruas de Ferguson.
Há diferentes relatos sobre a morte de Brown. A polícia afirma que ele lutou com o policial que o alvejou e matou, mas testemunhas dizem que Brown levantou as mãos e que estava se entregando quando foi atingido várias vezes na cabeça e no peito.
(Reportagem adicional de Carey Gillam)