Por Jeff Mason e Susan Heavey
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que irá anunciar uma ampla estratégia de longo prazo para derrotar o Estado Islâmico em um discurso para os norte-americanos na noite desta quarta-feira, está preparado para autorizar ataques aéreos contra o grupo na Síria, disseram autoridades norte-americanas.
Perseguir os radicais islâmicos na Síria seria um complemento à campanha militar para apoiar as forças governamentais no Iraque, após a formação de um governo mais inclusivo em Bagdá.
Obama já prometeu não enviar tropas de combate de volta à região, mas deve anunciar um compromisso para disponibilizar mais armas e treinamento a grupos rebeldes na Síria, um elemento-chave em qualquer campanha de ataques aéreos no local.
Os grupos foram formados com incentivo dos EUA para tentar derrubar o presidente Bashar al-Assad, mas Washington não disponibilizou as armas que precisavam e eles foram ofuscados por movimentos islâmicos e outros associados à Al Qaeda.
Depois de mais de 150 ataques aéreos no Iraque no último mês, as forças iraquianas e curdas conseguiram conter o avanço da Estado Islâmico. Obama tem sinalizado há alguns dias que está querendo expandir a missão para a Síria, onde está a sede da organização responsável pela decapitação de dois jornalistas norte-americanos.
As medidas representam uma mudança significativa para um presidente que já esteve relutante em aumentar a presença militar dos EUA na região, e que há três anos retirou as últimas forças de combate do Iraque.
O presidente deve falar às 21h no horário local (22h em Brasília), faixa de horário que revela a importância de seu discurso, que será feito na véspera do aniversário dos ataques de 11 de setembro de 2001 a Nova York e ao Pentágono.
DEBILITAR E DESTRUIR
"Hoje a noite vocês vão ouvir... como os Estados Unidos irão conduzir uma estratégia abrangente para debilitar e finalmente destruir o Estado Islâmico, incluindo ações militares dos EUA e apoio às forças que o combatem por terra", afirmou uma autoridade da Casa Branca.
"O presidente irá discutir como estamos construindo uma coalizão de aliados e parceiros na região e na comunidade internacional para apoiar nossos esforços".
Com o discurso, Obama tenta se aproveitar do apoio que tem crescido entre os norte-americanos pela ação militar, em parte alimentadas pela raiva provocada pela decapitação dos jornalistas. O presidente também busca se dirigir a possíveis parceiros internacionais.
Obama conversou com o rei Abdullah, da Árabia Saudita, mais cedo na quarta-feira como parte desses esforços, e o secretário de Estado John Kerry, que visita Bagdá, se encontrará com líderes da região nos próximos dias.
O presidente disse a líderes do Congresso na terça-feira que não precisa de autorização adicional para conduzir seu plano, mas a Casa Branca está preocupada em conseguir seu apoio, assim como o da comunidade internacional.
O Estado Islâmico tomou porções gigantescas de territórios do Iraque e da Síria. Embora autoridades norte-americanos digam que não há uma ameaça iminente de ataques aos Estados Unidos, há fortes temores de que indivíduos ocidentais que foram lutar ao lado do grupo possam retornar às suas terras natais para provocar o caos.
Espera-se que Obama diga que está preparado para autorizar ataques aéreos na Síria, de acordo com uma série de autoridades norte-americanas que falaram em condição de anonimato antes do discurso.
Obama chegou perto de tomar ações militares diretas há um ano na Síria, em apoio ao que Washington considera forças rebeldes mais moderadas que combatem Assad, mas não o fez, por conta de fortes oposições no Congresso.
Pesquisas nessa semana mostram que a maioria dos norte-americanos apoia ações contra os militantes.
Mais de 70 por cento dos norte-americanos apoiam ataques aéreos no Iraque e 65 por cento os apoiam na Síria, segundo uma pesquisa conjunta do Washington Post e da ABC News. Uma pesquisa da NBC News e do Wall Street Journal mostrou que 61 por cento acreditam que as ações militares contra o grupo estão nos interesses dos Estados Unidos.
(Reportagem adicional de Steve Holland e Roberta Rampton)