BUENOS AIRES (Reuters) - Um juiz federal na Argentina processou nesta sexta-feira a ex-presidente Cristina Kirchner e integrantes da sua antiga equipe por “administração fraudulenta em prejuízo da administração pública”, numa causa em que se investiga operações financeiras do Banco Central.
O juiz Claudio Bonadío, um dos principais adversários de Cristina no Judiciário, argumenta que a ex-presidente havia endossado uma política pela qual a autoridade monetária vendeu milhões de dólares em contratos futuros pelo preço baixo que seu governo fixava num mercado de câmbio regulado.
Como parte do processo, no qual Cristina Kirchner, acusada por esses delitos, deverá agora se defender oralmente em juízo, Bonadío também ordenou um embargo de seus bens de 15 milhões de pesos (1,06 milhão de dólares), segundo o Centro de Informação Judicial.
Quando o atual presidente da Argentina, Mauricio Macri, substituiu Cristina em dezembro, ele liberou o câmbio das regulações, e o peso local caiu quase 30 por cento, o que obrigou o Estado a entrar com a diferença para cumprir com esses contratos futuros.
"É impensável que uma operação financeira dessa magnitude, que tinha claros efeitos econômicos e políticos num futuro imediato, seja feita sem a aprovação expressa do mais alto nível de decisão econômica e política do Poder Executivo”, afirmou Bonadío na sua resolução.
O juiz também ordenou o processo contra o ex-chefe do Banco Central, Alejandro Vanoli, e do ex-ministro da Economia, Axel Kicillof, duas figuras muito próximas da ex-presidente.
Ela também está envolvida em outra causa, uma por lavagem de dinheiro, na qual se investiga funcionários públicos e empresários por um suposto desvio de recursos públicos.
As ações judiciais que complicam Cristina também ameaçam Macri, que assumiu com a promessa de combater a corrupção e facilitou a reativação desses casos, mas alguns do seu entorno também são investigados.
(Por Maximiliano Rizzi; reportagem adicional de Juliana Castilla)