Por Susan Cornwell e David Morgan
WASHINGTON (Reuters) - O segundo impeachment do presidente dos EUA, Donald Trump, aprovado pela Câmara dos Deputados por incitar a violência no Capitólio na semana passada pode desencadear uma dura disputa no Senado que envolverá os primeiros dias do mandato do presidente eleito Joe Biden.
Trump se tornou o primeiro presidente na história dos Estados Unidos a ter um processo de impeachment aberto contra si duas vezes após a Câmara aprová-lo por 232 a 197, na quarta-feira, sob acusação de incitar os distúrbios. Dez correligionários republicanos de Trump se juntaram aos democratas na aprovação do artigo de impeachment.
Mas é improvável que o impeachment rápido leve à destituição de Trump antes que Biden tome posse em 20 de janeiro. O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, um republicano, rejeitou os apelos democratas por um julgamento de impeachment rápido, dizendo que não havia maneira de encerrá-lo antes de Trump deixar o cargo.
Isso levantou a perspectiva de um julgamento amargo no Senado durante os primeiros dias de Biden na Casa Branca, algo que ele pediu aos líderes do Senado que evitassem. Biden disse que trabalhar na economia, colocar o programa de vacinação contra o coronavírus nos trilhos e confirmar cargos cruciais no gabinete é muito importante para atrasar.
"Espero que a liderança do Senado encontre uma maneira de lidar com suas responsabilidades constitucionais no impeachment enquanto também trabalha em outros assuntos urgentes desta nação", disse Biden em um comunicado na noite de quarta-feira.
A Câmara aprovou artigo de impeachment --equivalente a uma acusação em um julgamento criminal-- acusando Trump de "incitação de insurreição", focado em um discurso incendiário que ele fez a milhares de apoiadores pouco antes do motim. No discurso, Trump repetiu falsas afirmações de que a eleição vencida por Biden foi fraudulenta e convocou os apoiadores a marcharem até o Capitólio.
A mobilização atrapalhou a certificação no Congresso da vitória de Biden sobre Trump na eleição de 3 de novembro, forçou os parlamentares a se esconderem e deixou cinco pessoas mortas, incluindo um policial.
Segundo a Constituição, o impeachment na Câmara provoca um julgamento no Senado. Uma maioria de dois terços seria necessária para condenar e remover Trump, o que significa que pelo menos 17 republicanos na Casa de 100 membros teriam que se juntar aos democratas.
Mesmo que Trump já esteja fora da Casa Branca, a condenação no Senado pode levar a uma votação que o proíba de concorrer à Presidência novamente.
(Reportagem adicional de Richard Cowan, Doina Chiacu e Lisa Lambert)