LONDRES (Reuters) - O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse a um tribunal de Londres nesta quinta-feira que seu trabalho protegeu "muitas pessoas", e se recusou a aceitar ser extraditado para os Estados Unidos para enfrentar julgamento por um dos maiores vazamentos de informações sigilosas da história.
Os EUA solicitaram a extradição de Assange, que foi preso na embaixada do Equador em Londres em 11 de abril, e o acusaram de conspiração para invadir computadores, o que pode render-lhe uma pena máxima de 5 anos.
Questionado em uma audiência preliminar no Tribunal de Magistrados de Westminster se concordava em ser extraditado para os EUA, Assange, em chamada de vídeo a partir de um presídio britânico, disse: "Não desejo me render à extradição. Sou um jornalista vencendo muitos, muitos prêmios e protegendo muitas pessoas".
Assange se tornou manchete internacional nos primeiros anos da década quando o WikiLeaks divulgou um vídeo sigiloso das Forças Armadas norte-americanas que mostrava um ataque em Bagdá realizado por helicópteros Apache em 2007, matando 12 pessoas, incluindo dois jornalistas da Reuters.
Para alguns, Assange é um herói por expor o que chamam de abuso de poder da parte dos Estados modernos e por lutar pela liberdade de expressão. Para outros, ele é um rebelde perigoso que danificou a segurança dos Estados Unidos.
Assange foi condenado por um tribunal britânico na quarta-feira a passar 50 semanas em um presídio por descumprir regras da condicional quando se escondeu na embaixada equatoriana em Londres durante sete anos até ser retirado de lá pela polícia no mês passado.
Assange procurou refúgio na embaixada em junho de 2010 para evitar uma ordem de extradição para a Suécia devido a uma acusação de estupro, que ele nega.
Horas após a prisão de Assange no mês passado, procuradores dos EUA disseram acusá-lo de conspiração por tentativa de acessar computadores confidenciais do governo.
"A acusação está relacionada a um dos maiores comprometimentos de informação sigilosa na história dos Estados Unidos", disse Ben Brandon, o advogado que representa o país.
O advogado de Assange alega que o caso em julgamento não se trata de uma invasão.
"Esse caso é sobre um jornalista e um editor que teve conversas com uma fonte sobre acessar material, encorajou essa fonte a fornecer material e falou com essa fonte sobre como proteger suas identidades. Isso é atividade de proteção com que jornalistas se comprometem a todo o tempo".
(Reportagem de Michael Holden)