O ex-presidente dos EUA e candidato do Partido Republicano à Casa Branca nas eleições norte-americanas de novembro, Donald Trump, 78 anos, disse que a vice-presidente do país, Kamala Harris (Partido Democrata), é “mais fácil de vencer” do que o atual chefe do Executivo, Joe Biden (Partido Democrata), 81 anos.
A declaração de Trump foi feita no domingo (21.jul.2024) à CNN, pouco depois de Biden anunciar que havia desistido de concorrer à reeleição. Com a saída do presidente da corrida eleitoral, Kamala se posicionou como o principal nome dos democratas para enfrentar o republicano.
Mais cedo, em publicação na rede social Truth Social, Trump havia dito que Biden “não estava apto a concorrer” à reeleição.
“Ele só alcançou o cargo de presidente por mentiras, notícias falsas e não saindo de seu porão. Todos aqueles ao seu redor, incluindo seu médico e a mídia, sabiam que ele não era capaz de ser presidente, e ele não era –e agora, veja o que ele fez ao nosso país, com milhões de pessoas cruzando nossa fronteira, totalmente sem controle”, escreveu Trump. “Sofreremos muito por causa da sua Presidência, mas vamos remediar muito rapidamente os danos que ele causou”, completou.
DESISTÊNCIA DE BIDEN
A desistência de Biden já era esperada por muitos analistas e integrantes do Partido Democrata. Desde o fraco desempenho no 1º debate presidencial contra Trump, em 27 de junho, o presidente norte-americano vinha enfrentando crescente pressão de aliados, dentro e fora da legenda, para que desistisse de tentar um 2º mandato na Casa Branca.
O desempenho de Biden no debate foi amplamente criticado, com o presidente dos EUA demonstrando dificuldades em completar pensamentos, gaguejando e se perdendo em diversos momentos.
Desde 30 de junho, ao menos 38 políticos democratas pediram que Biden abandonasse a corrida eleitoral pela Casa Branca. O levantamento é do jornal norte-americano New York Times.
Biden afirmou que o debate foi apenas “uma noite ruim”. Não convenceu. Viu seu apoio na corrida presidencial estremecer. Foi cobrado por apoiadores como o ator George Clooney e patrocinadores de campanha –para que repensasse sua permanência no pleito.
Importantes nomes democratas se manifestaram pedindo a retirada da candidatura de Biden, dizendo não acreditar que ele conseguiria derrotar o republicano nas urnas.
Líderes democratas no Congresso, como Hakeem Jeffries (Democrata), líder da minoria na Câmara, e Charles Schumer (Democrata), líder da maioria no Senado, conversaram diretamente com Biden na última semana. Eles alertaram sobre as preocupações generalizadas de que sua candidatura poderia prejudicar as chances de controle democrata de qualquer Casa Legislativa no próximo ano.
Os deslizes do presidente norte-americano têm se tornado cada vez mais frequentes. Em 11 de julho, Biden cometeu mais duas gafes, uma em sequência da outra: 1º) chamou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de “Putin” e 2º) confundiu a vice-presidente Kamala Harris com Trump. A internet ferveu com memes.
PRÓXIMOS PASSOS
Com a desistência de Biden, os 3.896 delegados democratas que se comprometeram com o chefe do Executivo nas primárias partidárias podem seguir o desejo do presidente. Mas, pela regra, não são obrigados. O presidente norte-americano declarou apoio à sua vice, Kamala Harris.
O Partido Democrata tem 3 rotas possíveis para substituir Biden na corrida eleitoral:
A 1ª delas seria conseguir unanimidade em torno da candidatura de Kamala. A Convenção Nacional Democrata será realizada de 19 a 22 de agosto de 2024, em Chicago. O partido, porém, havia planejado de forma excepcional uma votação virtual na 1ª semana de agosto para nomear oficialmente Biden.
Essa votação on-line pode ser adiada ou cancelada, mas, se os líderes democratas conseguirem unidade entre os delegados, a vice-presidente pode ser oficializada como candidata.
A 2ª rota seria formar unidade em torno de um outro candidato. Para isso, os democratas poderiam realizar debates entre os que vierem a manifestar interesse pela indicação. O tempo curto, porém, é um empecilho a esse cenário. Uma votação virtual como essa não é comum nos Estados Unidos.
Sem a votação virtual, a decisão do partido ficaria para a convenção –a 3ª rota disponível. Esse cenário abre a possibilidade de uma convenção “aberta”, ou seja, quando nenhum candidato chega com uma maioria clara de delegados, algo que não ocorre com os democratas há 56 anos.