Por Nandita Bose e Trevor Hunnicutt
HOUSTON (Reuters) - A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, prometeu dar poder aos sindicatos e impedir a proibição de livros nas escolas ao discursar para um poderoso sindicato de professores nesta quinta-feira, buscando estabelecer um forte contraste com seu rival republicano para a Presidência, Donald Trump.
Em um discurso de 20 minutos em Houston para a Federação Americana de Professores, Kamala, de 59 anos, concentrou-se na política econômica e nos direitos dos trabalhadores, apresentando planos para cuidados de saúde e cuidados infantis acessíveis e criticando os republicanos por bloquearem os limites de armas na onda de ataques em escolas.
"Hoje enfrentamos uma escolha entre duas visões muito diferentes de nossa nação, uma focada no futuro e a outra focada no passado, e estamos lutando pelo futuro", disse ela. "Donald Trump e seus aliados extremistas querem levar nossa nação de volta às políticas econômicas fracassadas de 'trickle-down', de volta à destruição de sindicatos, de volta aos incentivos fiscais para bilionários."
A visita de Kamala ao AFT, que a apoiou no início desta semana, dá continuidade a uma série de aparições de campanha desde que o presidente norte-americano, Joe Biden,, de 81 anos, desistiu de sua candidatura à reeleição no domingo e pediu aos democratas que se unissem em torno de Kamala.
"Queremos banir as armas de assalto e eles querem banir os livros", disse Kamala, em referência à pressão de alguns republicanos para remover livros que tratam de gênero e sexualidade de algumas bibliotecas escolares. A Segunda Emenda da Constituição dos EUA defende o direito de portar armas.
A mudança de Kamala para a cabeça da chapa democrata sacudiu uma corrida presidencial morna. Uma série de pesquisas de opinião realizadas desde domingo, incluindo uma Reuters/Ipsos, mostrou que Kamala e Trump começaram a disputa em pé de igualdade, preparando o terreno para uma campanha acirrada nos próximos quatro meses e meio até a eleição de 5 de novembro.
Trump, de 78 anos, atacou Kamala na noite de quarta-feira em seu primeiro comício desde que ela substituiu Biden na cabeça de chapa.
Ele classificou Kamala como uma "lunática da esquerda radical" depois que ela dominou a campanha nos dois dias anteriores com ataques contundentes contra ele, que mencionaram suas condenações por crimes, sua responsabilização por abuso sexual e julgamentos de fraude contra seus negócios, sua fundação de caridade e sua universidade particular.
O ex-presidente Barack Obama tem mantido contato regular com Kamala e planeja endossá-la em breve como candidata democrata à Presidência, disse uma fonte familiarizada com seus planos nesta quinta-feira.
Depois de passar boa parte da campanha atacando Biden como velho e fraco, Trump agora enfrenta uma candidata mais jovem em Kamala, a primeira mulher negra e asiático-americana a ocupar o cargo de vice-presidente.
A campanha de Kamala lançou seu primeiro vídeo publicitário online nesta quinta-feira. Kamala narra o anúncio, enquadrando a campanha como uma batalha para proteger as liberdades individuais dos norte-americanos ao som da música "Freedom", de Beyoncé.
ESCOLHA DO VICE
O próximo desenvolvimento muito aguardado será a escolha de um candidato a vice-presidente por Kamala para fazer frente à escolha do senador de Ohio, JD Vance, por Trump.
A lista de candidatos é um verdadeiro "quem é quem" de democratas em ascensão, incluindo o senador Mark Kelly, do Arizona, os governadores Josh Shapiro, da Pensilvânia, Roy Cooper, da Carolina do Norte, e Andy Beshear, do Kentucky, bem como o secretário de Transportes, Pete Buttigieg.
O comitê de regras do Comitê Nacional Democrata concordou com um plano na quarta-feira para nomear formalmente Kamala já em 1º de agosto -- antes da convenção do partido de 19 a 22 de agosto em Chicago -- com Kamala escolhendo um companheiro de chapa até 7 de agosto.
A ascensão de Kamala tirou Trump das manchetes, uma semana após a Convenção Nacional Republicana e 12 dias após ele ter sobrevivido por pouco a uma tentativa de assassinato que feriu sua orelha direita.
O diretor do FBI, Christopher Wray, disse a um painel da Câmara na quarta-feira que os investigadores não têm certeza se o ferimento de Trump foi causado por uma bala ou por estilhaços. Trump disse que uma bala atingiu sua orelha.
O porta-voz da campanha de Trump Jason Miller chamou a ideia de que Trump não foi atingido por uma bala de "conspiração", acrescentando um palavrão.
(Reportagem de Nandita Bose, em Houston, e Trevor Hunnicutt, em Washington; reportagem adicional de James Oliphant, Steve Holland e Jeff Mason)